Giovanni Gentile

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A filosofia do fascismo - Giovanni Gentile (parte 3)



7. Palavras bonitas? Mas tais palavras estão no coração de homens que, na dedicação absoluta ao ideal, foram soldados e mártires da sua fé, de homens que ofereceram e oferecem a própria existência. Quantos? A realidade e, portanto, o valor de uma ideia histórica, não se mede pelo número de adeptos que a serviram, mas pela sinceridade, pelo génio, pela energia espiritual luminosa e criadora dos poucos que acreditaram nela e daquele que ergueu o pendão dessa fé e teve a virtude de arrastar multidões. A história não é feita por heróis nem por massas, mas pelos heróis que acolheram no coração o frémito secreto e o ímpeto potente das massas, e pelas massas que só fazem história quando encontram num homem a consciência da sua alma obscura.
Na verdade, o mundo moral é o das multidões, mas das multidões governadas e postas em movimento por uma ideia de traços precisos que se revela apenas a poucos, à elite que dá forma e vida à história. Multi vocati, pauci vero electi.
Por outro lado, o fascista sente e afirma que a realidade humana não é imobilidade, não é uma forma que tomou acto de uma vez para sempre. A sua política é a política da vida, do movimento, do devir; de um estado que é sempre e não é nunca, num equilíbrio instável que é desenvolvimento; é uma luta de elementos contrastantes que prevalecem alternadamente e que só no infinito realizam o ideal, a lei e o motivo da luta. Os palradores de Genebra (se é que ainda há alguns depois de tantas lições de realismo político) e das cidades idilicamente enamoradas e adoradoras dos falsos ídolos da paz e da fraternidade, opõem-se e condenam com gritos de escândalo e cinismo a sinceridade do italiano de novo estilo; o fascista sente e afirma que a vida não é imobilismo, mas movimento, que não está na paz - tão cara aos que estão bem e que, por isso, se mantêm imóveis - mas na guerra sagrada, em todos os tempos, nos que não se abandonam negligentemente ao instinto, que encontram no coração a justiça que é preciso ainda pôr em acto e que vêem as lágrimas que há que enxugar no homem; em suma, concebe a sua existência como milícia ao serviço de um ideal - não, decerto, da subjugação egoísta dos outros - de um mundo em que todas as aspirações legítimas sejam satisfeitas. Ideal do indivíduo singular, ideal das nações, ideal humano. Ideal do homem que nunca verá esgotada a sua tarefa e que olhará ansiosamente o mundo de amanhã, não como um sonho, mas, muito seriamente, como uma realidade.
Fadiga diária, fadiga incessante de alma em vigília, a toda a hora, fixado no fim a atingir, sempre atingido mas nunca atingido.

8. Nesta viril concepção da vida está o princípio da teoria fascista que define o Estado como organismo ético: isto é, como consciência e vontade em acto, na qual desemboca e actua plenamente a consciência e a vontade do indivíduo na sua essência moral e religiosa. O que se persigna ao ouvir falar do carácter ético e, por isso, totalitário, do Estado fascista, que na sua actividade consciente resolve por completo toda a forma de actividade humana, económica ou religiosa, separa o Estado do valor moral, ao qual, no entanto, este ascende e se adapta, e considera-o coisa meramente temporal, ou melhor dizendo, material; esse é culpado de condenar à amoralidade absoluta o Estado, ou seja, todo o cidadão portador de vontade estadual, como condena os animais e todas as coisas que, por não terem em si o princípio da moralidade, não poderão recebê-lo do exterior.
O Estado fascista é um Estado ético, uma vez que a estrita, completa e concreta vontade humana não pode não ser ética. É também um Estado religioso. Não significa isto que seja um Estado confessional, mesmo que ligado com tratados e concordatas a determinada Igreja, como está ligado o Estado italiano. A limitação que tais tratados e concordatas trazem à liberdade do Estado (que no Estado moderno, isto é, segundo a consciência moderna, não pode deixar de ser liberdade absoluta) é uma autolimitação semelhante à que o espírito humano pratica para se fixar numa forma concreta; semelhante àquela que faz com que o italiano não abdique da sua liberdade quando, para falar, é obrigado a falar uma língua determinada à qual deve sujeitar-se por possuir uma gramática. Na realidade histórica da nação, o Fascismo sentiu que ser religioso equivale a ser católico. Para adequar o Estado à personalidade do italiano, foi ao encontro da Igreja Católica, pôs fim ao velho dissídio e pacificou nos ânimos pátria e religião sem nunca ter deixado de manter intacta e intangível a sua autonomia frente à Igreja. Por essa razão, reivindicou o direito à educação das novas gerações que a Igreja, curadora de almas, reservava para si como matéria da sua exclusiva competência.

9. O carácter totalitário e ético do Estado fascista permaneceria uma exigência ou uma afirmação teórica se esse Estado não resolvesse em si ou, como hoje se prefere dizer na Itália, não enquadrasse a massa do povo nos seus objectivos, categorias e especificações económicas e nas suas directrizes e orientações espirituais e morais. A reforma constitucional que o regime fascista pôs em estudo em 24 e que em 27 foi proposta nos seus postulados fundamentais na Carta deZ Lavara, desenvolveu-se sem improvisações apressadas com as leis de 20 de Março de 1930 e de 5 de Fevereiro de 1934 sobre o Conselho Nacional das Corporações e sobre a constituição e funções destas, bem como com a criação da Câmara dos Fascios e das Corporações. Dessa transformação do Estado bastará indicar o conceito central que a inspira na totalidade.
O conceito de unidade de nação orgânica, não amorfa e abstracta mas determinada, específica e concreta, é o Estado; neste, reside a vontade universal, não como uma forma vazia que se impõe ao conteúdo, mas como a própria forma conaturada com esse conteúdo, ou seja, do indivíduo na plenitude das determinações da sua personalidade. Personalidade produtiva, mas não justaposta indiferenciadamente às múltiplas unidades produtivas coexistentes e reunidas naquilo a que Regel chamava o atomismo da sociedade civil ou económica (como se quiser). Nas suas especificações e mútuas relações, o Fascismo concebe a produção num sistema orgânico onde o indivíduo vê a própria obra conexa com a de todos os outros; não mais simples actividade económica, mas actividade moral e política simultâneas porque determinada segundo um sistema de relações derivadas do interesse supra-individual da nação à qual todos os interesses do homem económico se subordinam e na qual todos os antagonismos de indivíduos e classes são harmonizados e resolvidos. A economia toma-se política, não apenas em palavras, mas abertamente, põe-se em acção o princípio da intervenção do Estado (que, de resto, actuou sempre, mau grado certos dogmatismos teóricos) na regulamentação das relações económicas. Fazer coincidir a organização política com a especificação económica da nação, inserir o indivíduo real e vivo no sistema do Estado e dar-lhe a possibilidade de desenvolver activamente a sua livre actividade como brota das suas necessidades, do seu interesse e, ao mesmo tempo, da sua consciência política (fascisticamente política), é o mais poderoso e significativo esforço da Revolução Fascista no sentido de tomar a liberdade, que no passado era um ideal de vida longínquo, uma realidade concreta e efectiva.

Fonte: Giovanni Gentile, A Filosofia do Fascismo, (La Filosofia dei Fascismo) In Para a Compreensão do Fascismo, org. António José de Brito, 1999, Nova Arrancada. Transcrito de http://forumpatria.com/debate-politico-e-ideologico/a-filosofia-do-fascismo-giovanni-gentile/.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A filosofia do fascismo - Giovanni Gentile (parte 2)



3. Foi a revelação da essência idealista do Estado e da nação, da sociedade, da pátria, encontrada no próprio ânimo que é fonte secreta do que o indivíduo pode ver na sua consciência como conteúdo real da sua personalidade. Digo essência idealista, apesar de não faltar entre os fascistas bem pensantes quem se assuste ao ouvir falar de idealismo. Mas entendamo-nos. É preciso reconhecer que o Estado, como a experiência da guerra o revelou num relâmpago à reflexão amadurecida dos italianos que pensam a pátria, não é qualquer coisa a que dão o ser cada um dos indivíduos materialmente existentes por si e como se apresentam no espaço, em que cada homem é exterior a todos os outros, a todas as coisas que o circundam, em que todas estão excluídas do seu âmbito, em suma, onde tudo é particular e diferenciado, de modo que onde está isto não está aquilo e em que o ser de um é o não-ser do outro. Esse individualismo atómico foi visado na Itália por Mazzini e condenado como materialismo grosseiro. E com razão. Pode repudiar-se a concepção materialista do mundo, professar com o máximo de boa fé o espiritualismo e falar então de espaço ideal a distinguir do empírico (o único que existe), onde se colocam todos os entes materiais; mas, reflectindo bem, será fácil descobrir que esse espaço ideal postulado é uma simples metáfora e que o limite, apesar de tudo afirmado entre ente e ente, anula a liberdade que é essencial ao espírito e precipita o que se denomina por espírito numa materialidade férrea. Em síntese: há que entender que a realidade graças à qual o indivíduo humano atinge os caracteres constitutivos da sua natureza humana com que pensa, sente, quer e ganha uma personalidade, não é a particularidade superficial que o diferencia de todos os outros, é algo de universal, o fundo do ser, que não se vê com os olhos, que não é objecto de experiência, mas condição desta. Um exemplo: o indivíduo fala ou consegue falar pronunciando certas palavras ditas em certo momento e em certo lugar num tom pessoal único e inconfundível; no entanto, essas palavras, mesmo se ninguém as ouve, só podem ser pronunciadas porque fazem parte de uma língua que não é sua em particular, mas da gente a que pertence, que fala para se fazer entender: e embora se renove continuamente na boca do poeta - e em geral do homem - numa perpétua criação original, a língua contém sempre uma virtude expansiva graças à qual será recolhida, cedo ou tarde, por toda a alma honesta.
Sem esse valor universal, o indivíduo não falaria, não poderia exprimir-se, seria como uma pedra, ficaria fechado em si mesmo e totalmente mudo, condição de que se afasta ao balbuciar em silêncio no seu íntimo as palavras que repetirá em voz alta mas que, mesmo guardadas no coração, romperam já a crisálida do espírito para o grande voo da vida infinita.
Donde quer que brotem linguagem e razão, sentido do divino e do belo, boa vontade e lei, a humanidade espiritual é um valor universal a que adere e se adequa a actividade do homem para pôr em acto essa humanidade. Face à qual, por outro lado, não é dado ao homem recalcitrar e opor-se ou colocar-se de modo absoluto fora da lei; porque ele existe e vive dentro dessa atmosfera, o mínimo suspiro seu insere-se no ritmo da realidade universal para cuja realização, querendo ou não, concorre com maior ou menor consciência.
A imanência e radical imediação dos valores universais da vida humana à consciência e vontade de cada indivíduo foi a ideia que relampejou na mente genial de Benito Mussolini perante o espectáculo da mais florescente e prometedora juventude a morrer pela pátria, daquela juventude que ele, desdenhando agora a triste companhia dos antigos companheiros de fé, individualistas, de facto pacifistas e neutralistas, com ímpeto e ardor de apóstolo tinha chamado às armas, à guerra, por uma Itália presente, orgulhosa da sua força e da sua missão, a uma competição que decidiria a sorte da Europa e do mundo.

4. Nos campos de batalha, face ao trágico dilema da morte ou da vida, nas horas lentas de vigília na trincheira, o antigo socialista, a cujos ouvidos chegavam ainda os monótonos e criminosos sussurros da longínqua Câmara, via surgir diante de si, gigantesca, a imagem da pátria, viu-a no fulgor da sua luz gloriosa e compreendeu-a com a inteligência que o amor dá. Viu a pátria viva e real no Estado, unidade consciente da nação, viu que essa unidade não é, por assim dizer, o resultado, o efeito da concordância voluntária e da fusão dos ânimos, das inteligências e das vontades individuais, mas o princípio de toda a vida espiritual que circula nas almas, inteligências e vontades dos indivíduos singulares e que faz deles, não cidadãos da cidade abstracta, mas membros incindíveis de um organismo vivo nas suas determinações históricas, com um território e um passado que é uma tradição e, por isso, o conteúdo da consciência do povo e, logo, uma posição, um ideal, um programa.
O liberalismo desapareceu e, com ele, utopias e fantasias internacionalistas. Apagaram-se nas almas pelo próprio desencadear da guerra, com a qual, naturalmente, toda a nação foi constrangida pelas férreas leis da vida a fundir-se no cadinho de um interesse único, esmagador, de toda a singular veleidade dos indivíduos e das classes sociais resultante da reunião artificial das energias individuais, retirada da conexão viva e vital da economia nacional. As classes sociais foram precipitadas no seio da nação, isto é, na unidade do Estado. Mas este mostrara-se em acto, não o Estado do velho conceito liberal, do velho direito de natureza, que se apoiava desde há séculos no indivíduo, única substância espiritual e ética, para minar o despotismo que, depois da comuna medieval, foi a primeira forma do Estado moderno e a arma das pessoas singulares e das classes nobres e burguesas que tentavam enfraquecer o poder dos príncipes, e também da Igreja, que se servia das teorias jusnaturalistas e contratualistas para pôr em causa a autoridade do Estado sempre que este se empenhava em afirmar a própria autonomia e a libertar-se de toda a ingerência eclesiástica. Até à Revolução Francesa e ao constitucionalismo liberal do século XIX, há uma palavra para que todos apelam e da qual todos ou quase todos abusam: liberdade. Palavra que em certos momentos o Fascismo despiu de todo o significado, como pode parecer, quando a verdade é o inverso; a liberdade do jusnaturalismo, do contratualismo, do liberalismo clássico, é uma liberdade que se pretende atribuir especificamente ao indivíduo particular quando este, na realidade, é a negação da liberdade. Com efeito, quem diz indivíduo e o abstrai do Estado, diz sujeito limitado no agir, no querer e no pensar, oposto, portanto, à lei, não se vendo, e é vão pretender ver, como possa conformar-se e submeter-se-Ihe racionalmente, destinado como está, em função do seu limite, a ser negado, isto é, oprimido, esmagado, aniquilado pela força da mesma lei, se esta tem força para se fazer valer face à vontade individual. Quem diz liberdade, diz atributo de um sujeito que, pela universalidade do seu querer, não tem limites nem condições e não tem uma lei frente a si que lhe comprometa de algum modo a autonomia. Nesse caso a liberdade é uma pretensão ilegítima e vã; é a procura de um tesouro onde não pode ser encontrado. Por isso, verdadeiramente, não foi procurado e trocado por um nome vão. A liberdade do individualismo, seja qual for a forma de a entender, é a tentativa louca de fazer baixar violentamente do mundo do espírito ao da matéria a prerrogativa divina do homem, onde só poderá ser sufocada. Se se quer liberdade, esta não poderá exigir-se e obter-se senão para o homem que é homem, para o homem que actua porque pensa e que pensa porque fala, que possui uma linguagem, uma razão, um costume, uma lei que o envolve à maneira de estojo de jóias; para o homem que não sendo esse ser particular, aparece com a sua pessoa física no mundo do espaço embora limitado a confins estreitos, mas é pessoa moral, natureza infinita e eterna e demonstra sê-lo quando cria ao falar os eternos fantasmas da arte num mundo sem espaço e sem tempo em que os espíritos de uma região e época se unem de facto e são irmãos cor cordium; que demonstra sê-lo, raciocinando com argumentos sobre os quais todos estão prontos a concordar e que, pelo menos, de jure, se mostra de um pensamento só; que, cumprindo uma lei de conduta revestida de esplendor moral, demonstra ser objecto de admiração e aplauso universal. Ou o homem vê e sente em si essa natureza que lhe infunde no coração a fé segura de poder com as próprias forças ser digno, por assim dizer, perante os outros homens e perante Deus, ou cabe-lhe abandonar a orgulhosa pretensão de liberdade.
O homem livre é realmente individualidade, originalidade, é ele mesmo.
É-o, porém, na medida em que aquilo que é pensamento e acção não se fecha em si, não tem significado exclusivo para si, mas que irradia do seu coração e cérebro e se expande em redor como luz que aquece e ilumina todos os corações e cérebros. A todos, de mãos dadas, dos mais vizinhos aos mais distantes, da família ao Estado, a universalidade do espírito encontra uma forma positiva e concreta, já que no Estado a lei é lei positiva, com uma validez que representa força e potência efectivas.

5. Segundo a profunda concepção do homem a que o Fascismo aderiu, o Estado é, pois, a actualização da humanidade interior do homem, a forma deste começar a sentir realizada a sua universalidade.
Com o seu poder soberano, o Estado é o próprio homem, a própria consciência individual ou personalidade reflectida na sua natureza e capacidades que, por isso mesmo, desce às raízes da fé de que é portador se possui a coragem de falar e de agir. É assim que o homem se vê dotado da virtude expansiva de se procurar e encontrar, de sair de si e se projectar nos filhos, nos concidadãos, na terra que o acolheu em criança e o alimentou, onde vive chez sai, num mundo com uma forma determinada pelo poder reconhecido e que, além disso, sabe fazer reconhecer-se.
O Estado fascista é o Estado cuja existência, cujo fundamento, cujo princípio de realização está, não acima e fora, mas dentro da própria alma do cidadão: é a forma concreta, activa, positiva, do seu efectivo e actual querer.

6. A unidade do indivíduo e do Estado é um princípio que suscita apreensões e alarmes aos não familiarizados com os conceitos ou aos que tomam as coisas pela rama (filósofos materiais, como diria Platão). - O Estado está na vontade do indivíduo? Só existe o indivíduo e o indivíduo é tudo. Logo, pelo menos anarquia, inconsciente e potencial. - O indivíduo tem a sua vontade legítima na vontade do Estado? Logo, panteísmo e estatolatria, ou seja, autoritarismo despótico e aniquilamento da personalidade, isto é, morte da liberdade.
Quase seria desnecessário dizer que são estas as suspeitas e as acusações com que o Fascismo depara, sobretudo entre os estrangeiros que não o conhecem de perto, que ignoram a sua génese e as suas tendências e não são capazes de entender o amplíssimo movimento nacional que encontrou na pessoa de Mussolini o seu herói, a sua voz e a sua vontade.
Para os mais familiarizados com os conceitos e, portanto, preparados para entenderem os caracteres diferenciais de uma doutrina política, será útil advertir que esta unidade de Estado e cidadão não é de modo algum um conceito arbitrário ou uma espécie de invenção. Essa unidade é o conceito adequado à essência do Estado; é a essência mesma do Estado, que nunca foi outra coisa que a coincidência entre a vontade do indivíduo singular, membro da sociedade política real, e da vontade do Estado, que confere actualidade a tal sociedade. Seja qual for o nome que lhe chamem, não há Estado que, quanto à sua existência, possa viver de outra coisa que não seja o consenso. O consenso entre governantes e governados é mais ou menos espontâneo, mas, na medida em que os governantes governem, haverá sempre um consenso e a vida efectiva do Estado medir-se-á sempre pelo grau de consenso estabelecido entre aqueles dois termos.
Então, qual a diferença entre individualismo e Fascismo? Trata-se de concepções opostas e dos consequentes métodos e sistemas de conduta política. A primeira, orientada para o particular, tende a dissolver o Estado e a destruir o centro vital do organismo social; a outra, orientada para o universal e para a unidade, veria extinguir-se na individualidade a fonte da livre originalidade em que se desenvolve a vida do espírito se não fosse temperada com o apelo sistemático e constante ao homem vivo, ao cidadão artífice da fortuna, do bem-estar e da grandeza da pátria e do poderio do Estado, como fez energicamente o Fascismo através da educação unitariamente orientada pela noção do ideal patriótico, que só a entrega do indivíduo pode traduzir em realidade séria e viva, graças à constituição que revitaliza e valora a iniciativa e a responsabilidade do singular perante os interesses próprios e colectivos.
O problema do equilíbrio dos dois termos na dialéctica da vida social e na vida do espírito em geral é o próprio problema da unidade do princípio no qual os dois termos coexistem em constante reciprocidade de fé e acção. É o problema central da política do Fascismo. Os que vêem esse movimento - que sacudiu e potenciou todas as energias vivas da nação italiana e fez dela uma das maiores potências do mundo, uma das forças que mais eficazmente operam na história universal, amada ou odiada, é certo, mas presente desde agora no grande drama em que se confrontam os maiores interesses materiais e morais da Europa e, por isso, de todos os continentes - os que, repito, vêem esse movimento como um movimento antiliberal e contrário ao espírito que anima toda a história moderna, não conhecem o Fascismo nem a liberdade e traçam com a sua fantasia uma imagem falaciosa do mundo moderno. Nós, fascistas, não somos corujas contrárias à ideia de um sol que ilumine com luz cada vez mais viva o espírito humano desde que este derrubou certos preconceitos medievais e fez sentir ao homem toda a responsabilidade que lhe cabe como artífice do próprio destino e, por isso, do mundo em que o seu destino se cumpre. Na luta travada contra os velhos sistemas (e em que persistirá, certamente, seguro da vitória final) nunca o Fascismo pensou abolir o tesouro que em si mesmo é a maior conquista da civilização: a liberdade (isto é, aquele pouco de liberdade que é possível obter-se no processo histórico real da civilização). Se é certo que combateu a suja e desbragada democracia de radicais e individualistas de todo o género, não deixou de advertir que se considera a si mesmo a verdadeira democracia; a democracia do povo real e dos seus interesses e direitos reais, não dos artificiais e sofisticados, inventados pela representação fictícia de porta-vozes estranhos a esses interesses e pela política pessoal, personalizada, mesquinha, corruptora da política recta da nação. O Fascismo quer a liberdade, mas a única e autêntica; quer democracia, sim, mas a democracia verdadeira: a dos cidadãos que têm a pátria no peito e não ignoram que a sua vida está na salvação da pátria; cidadãos-soldados prontos a obedecer à voz que exprime a vontade da pátria, prontos a sacrificar-lhe toda a comodidade, pequena ou grande, da pessoa particular e até a própria vida.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A filosofia do fascismo - Giovanni Gentile (parte 1)


1. Como todo o movimento espiritual de amplitude, o Fascismo tem uma filosofia própria. Todavia, quem procurar um volume onde esta possa estar exposta no todo ou em parte, não o encontrará, e quem a expuser em proposições ocasionais e separadas extraídas dos vários e diversos escritos do Chefe e dos seus seguidores autorizados que pareçam susceptíveis de ordenação sistemática, corre o risco de erguer uma filosofia à sua imagem e semelhança, mas sem verdade e sem vida.
A filosofia de Mussolini não está tanto no que ele disse, mas no que fez (sabe-se que as ideias de um homem se patenteiam, mais do que nas palavras, nas acções). Acima de tudo, há que considerar que as acções e palavras têm um significado enquanto expressões de um espírito que é aquilo que é porque possui um carácter, uma nota fundamental, um princípio, em suma; é deste que importa partir para entender acções e palavras singulares, a razão de ser de cada uma delas, sentir onde está a tónica quando o homem fala e a sua finalidade quando age.
Mussolini é um génio político. Toda a sua filosofia reside, pois, na doutrina política (pensamento e acção); contudo, não há ideia que não expresse ali a vida do espírito e não possua a energia lógica de uma concepção do mundo e do homem no mundo, concepção que in nuce é filosofia própria e autêntica. Daí, a sua originalidade e força, a sua potência histórica. Assim, quem quiser apreender a filosofia do Fascismo, ou seja, a sua orientação geral e o seu modo de entender a vida, em suma, quem queira compreender a essência da fé fascista, deve olhar para o conceito fascista do Estado

2. Primeiro, o Estado fascista nasceu da crítica sindicalista soreliana ao parlamento e à democracia socialista; em segundo lugar, da experiência de dissolução a que chegaram a autoridade e a unidade do Estado com as lutas irredutíveis das forças parlamentares e dos partidos seus protagonistas; em terceiro lugar, da experiência da guerra.
A crítica que o novo sindicalismo ia desenvolvendo - fruto da mordaz desvalorização que o marxismo fez de todas as artificiosas estruturas políticas não geradas pela profunda realidade económica ou que não aderiam às estruturas básicas da organização produtiva e aos interesses efectivos dos grupos sociais - esvaziou o Estado parlamentar do seu conteúdo. De facto, demonstrou o afastamento ou, melhor, o contraste insolúvel entre nação e Estado, entre os cidadãos, em que, historicamente e sob todos os pontos de vista, se concretizam a vida do Estado e os poderes que em regime parlamentar se presume que unem e unificam esses cidadãos numa consciência única e numa vontade política ou universal. Crítica conhecida, que atinge principalmente o conceito de representação, pondo-lhe a nu o carácter convencional e ilusório.
Essa crítica era como que ilustrada e comprovada pela experiência quotidiana do descrédito cada vez maior em que caíam as instituições parlamentares, agora já despojadas do prestígio sem o qual não é possível exercer uma acção eficaz sobre o povo; do embaraço cada vez maior em que o jogo dos partidos no parlamento punha o governo onde se concentra, e, portanto, onde actua e se explana a autoridade do Estado; a fraqueza progressiva que cada dia atingia mais e mais governo e parlamento, chegando a uma forma que se assemelhava já à paralisia. Daí, a crescente insolência das forças desagregadoras rebeldes contra o poder do Estado, desprezando, ou, pelo menos, sendo indiferentes às suas leis, alheias aos interesses gerais e dirigidas, mais que pela acção do poder soberano, pela consciência e vantagens das categorias particulares (trabalhadores, empregados, mestres, professores, etc.), organizadas em ligas de resistência contra o Estado e situadas em posição de desconfiança e suspeita contra este, de que todos os interesses legítimos deviam obter garantia e tutela. Exaltado e cultivado com ardor, esse espírito de organização trouxe, não um conteúdo mais sólido ao Estado, mas a oposição de uma massa compacta de interesses. A esta eloquente e sugestiva experiência de 1915 juntou-se outra mais significativa e evidente: a guerra.
Precedida na Itália de um período de discórdias ferozes, a opinião pública reflectia a alma nacional dilacerada por concepções opostas da vida, da história e do futuro da nação, alma que, submetida à prova, mostrava não estar educada politicamente na consciência segura dos destinos da nação, que projectam e formam como ideal e lei a sua própria personalidade. Guerra precedida, pois, de turvos debates e contrastes entre intervencionistas e neutralistas, declarada contra a vontade efectiva da Câmara, ainda que esta dissimulasse manhosamente a sua oposição sob a forte pressão da corrente intervencionista dominante no país.
Falência clamorosa da mentira convencional da representação da vontade popular e condenação dessa Câmara a uma vida pouco gloriosa (que devia protelar-se por toda a guerra) na situação falsa a que a história e a sua vontade a tinham amarrado.
A Câmara estava afastada da nação num momento em que esta se reencontrava a si mesma com uma só consciência, uma só vontade e um só ânimo, pronta a enfrentar uma grande prova, um daqueles esforços heróicos em que os indivíduos sentem o Estado como a sua essência mais profunda, como um ideal pelo qual importa viver e importa, também, morrer, ideal que é medida de todos os bens da vida e afastado do qual o homem pode sentir prazer, mas perde a consciência do próprio valor e do próprio ser, do ser que fala uma língua e tem recordações sagradas em comum com os outros e, ao mesmo tempo, esperanças que representam para ele a razão de viver: um sol que brilha alto no céu, que o aquece e conserva em conjunto com os que nasceram na mesma parte do mundo e que com ele se associam e vinculam a uma história. Há séculos que a Itália não se sentia tão Itália: a partir do seu Risorgimento, nos onze lustros da sua nova vida, nunca como então fora sacudida por um tal frémito de substancial unidade de espírito, daquela unidade que faz de uma nação um Estado consciente do tronco único onde vai beber toda a sua linfa vital.
Com a guerra, ressurgia nos ânimos o Estado, a pátria veneranda, não a palavra retórica ou abstracta, mas a lei e a vida da alma; e o parlamento dos representantes do povo italiano era superado, posto de parte, morto ou moribundo. A guerra foi totalmente obra da Itália jovem que não se deixava prender às ideologias libertárias, que voltava desdenhosamente as costas à Câmara dos advogados e aventureiros das condecoraçõezinhas, aos cultores da alquimia de grupos e grupinhos, aos espertalhões e velhacos das combinações habilidosas dos buracos formidáveis e de minas subterrâneas aos gabinetes. Guerra da Itália jovem, que nos primeiros anos do século começava a aprender algumas verdades importantes: que a vida não é esse miserável jogo de habilidade, de esperteza e de cálculo a que os homens políticos do liberalismo radical e socialistóide a tinham reduzido; é coisa séria, semelhante a uma religião, como Mazzini, o maior profeta do Risorgimento, pregava aos seus partidários: vida que não nos pertence como um direito a exercer e a gozar, mas que é dever a cumprir, missão a realizar e, sendo missão, a realizar mesmo através do sacrifício pessoal, posto que o indivíduo, separado da solidariedade espiritual, da nação e da humanidade, não tem valor em si visto ser apenas, como diria um filósofo, aquilo que actua através da universalidade do espírito.
A guerra sentida e vivida pelos jovens, a guerra que, como escola e formação do espírito, seria vitoriosa mesmo se tivesse sido perdida e que por ser vitoriosa se tornou ainda mais edificante, foi para os italianos a revelação da nova Itália e do Estado em que tomou corpo e em que existe.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Discorso agli Italiani - Giovanni Gentile

Questo discorso si rivolge a tutti gli Italiani che hanno un'Italia nel cuore: un'Italia, che non sia nome vano e retorico, ma qualche cosa di vivo e operante nel pensiero e nella volontà. Parlo come fascista, quale son fiero di essere perché mi sento profondamente italiano, e perciò parlo prima di tutto come italiano che ha qualcosa da dire a tutti gli Italiani, fascisti o non fascisti, fascisti della tessera e fascisti della fede. Dico fascisti della tessera e fascisti della fede, perché ho sempre ritenuto che la distinzione fosse necessaria per non scambiare il principio e l'ideale a cui s'intende aderire e che può essere la sorgente della nostra fede e della nostra forza, con le materiali deviazioni che del principio e dell'ideale sono flagranti falsificazioni e qualche volta pratici tradimenti. E ho sempre ritenuto che tesserati e non tesserati si potesse essere tutti Italiani, concordi nell'essenziale, ancorché dissenzienti nelle forme della disciplina politica: Italiani tutti e perciò tutti virtualmente fascisti, perché sinceramente zelanti di un'Italia che conti nel mondo, degna del suo passato. E voglio dire subito che di due cose sono e sono stato sempre profondamente persuaso: che molti, per vari piccoli motivi, amano dirsi fascisti e tengono alla tessera, i quali non operano né parlano né sentono da fascisti- e viceversa molti, moltissimi non curano d'iscriversi al Partito, i quali sentono, e parlano, e operano da fascisti sul serio, ancorché rimangano talvolta intricati in ideologie inconsistenti e fallaci, annidate nel loro cervello come quei tanti pregiudizi che ogni uomo non riesce ad espellere, ingombro più o meno innocuo al carattere e al pratico operare.
    Una rivoluzione prima di essere riordinamento totale, politico e sociale, è un’intuizione, un'idea, una ispirazione profonda di tutta la vita morale: una ispirazione che praticamente s'impone in forme violente, che possono dare l'apparenza degli improvvisi cambiamenti dei pensiero, delle istituzioni, del costume e delle norme giuridiche; ma in sostanza e in verità opera lenta, graduale, nel segreto della vita dello spirito, attraverso la formazione delle coscienze che procede per tappe talvolta secolari. Tutte le grandi rivoluzioni hanno avuto martiri ed eroi, ma hanno pure avuto tiepidi proseliti, pigri assertori, ipocriti, ingenui o profittatori. 

    Basta pensare alla corruttela degli ordini monastici, sorti e retti sempre da una sublime passione per la vita superiore dello spirito. E mi piace notare che quelli che si scandalizzano dei cattivi esempi che talvolta purtroppo ci vengono da questo o quello dei molti e forse troppi organizzatori della grande massa del partito, mi dan l'aria degli scervellati, che in tutti i tempi si son lasciati sfuggire l'importanza ed efficienza storica delle grandi idee perché queste idee non le hanno sapute vedere se non gli uomini che le rappresentavano. Ma, se non altro, la necessità quotidiana del «cambio della guardia» ammonisce ogni giorno che altro è la persona, altro l'idea che alla persona conferisce valore e autorità.

    Queste cose io le dico, ben inteso, non perché il Fascismo abbia da scusarsi di errori di cui oggi, nel momento della grande prova, gli si possa chiedere conto, ma perché desidero ora più che mai, poiché oso di rivolgere il mio discorso a tutti gli Italiani, apparire come sono: sgombro da ogni motivo di parzialità o partigianeria; desidero essere e presentarmi non gregario di un partito che divida, ma seguace di un concetto che possa stringere in una stessa fede e in un concorde proponimento quanti sono veramente Italiani. Gli errori del Fascismo sono gli errori inevitabili di ogni vasto movimento rivoluzionario. E non vedo che bisogno ci sia di negarli. Ma al di là dei particolari, io affermo, e confido che ognuno vorrà convenire, che c'è l'essenziale del Fascismo; di quel Fascismo al quale tutti gli Italiani applaudirono nel '22 quando Mussolini levò i suoi gagliardetti e chiamò intorno a sé tutto il popolo, di tutti i partiti; quel Fascismo, al quale gli Italiani non sapranno mai rinunziare.

    Questo essenziale è, prima di tutto, una grande Italia, quale può essere soltanto se stretta in una forte compagine politica, ossia in uno Stato che abbia la coscienza del suo diritto e della sua forza, del suo passato e del suo destino, e potente volontà realizzatrice, e perciò potenziatrice e disciplinatrice delle energie nazionali, individui e classi sociali, in un ordine di giustizia fondato sul principio che l'unico valore è il lavoro: il lavoro umano che è attuazione della vita spirituale nel complesso de' suoi beni economici e delle sue idealità etiche. Questa grande Italia, questa Patria che gli Italiani devono far grande contro le avversità della natura e degli uomini, questa è stata dalla guerra del 1915-18 l'ardente passione di Mussolini: la passione che egli ha riaccesa nel cuore degli Italiani, i quali nella sua possente voce risvegliatrice degli anni cupi dei dopoguerra e della vittoria tradita e defraudata, riudirono l'antica voce dei padri del Risorgimento e delle epoche che questo avevano preparato: la voce dei profeti della Patria, che tornava ringagliardita dalla coscienza della prima guerra nazionale vittoriosamente compiuta e dalla memoria recente di seicentomila giovani immolatisi in un delirio d'amore, come solamente i giovani sanno sentirlo, per questa Italia che dai poeti, dai pensatori e dai martiri avevano imparato a conoscere come cosa sacra. Ed ecco che a quella voce rinnovatrice della fede antica tutti si riscossero, e si affollarono plaudenti intorno al Duce. Il quale, fin dal primo giorno, tra il consenso universale, poté pronunziare il de profundis di quella falsa libertà, di quella bastarda tirannica libertà che era la libertà del regime parlamentare. Noi che udimmo alla Camera, al Senato il discorso del 16 novembre 1922, abbiamo ancora presenti alla memoria le facce compunte, tra vergognose ed esterrefatte, dei vecchi paladini della squarquoia Italiana che cadeva, di quei testimoni muti di una pseudo-libertà che veniva sotterrata per sempre, mentre irrefrenabili scoppiavano applausi della maggioranza sorpresa insieme e giubilante della coraggiosa negazione e dell'annunzio di una nuova vita politica.

    Mi sia consentito di ricordare un mio scritto del 15 dicembre 1917, nel quale, dopo Caporetto, quando l'Italia si era riavuta da quel primo subitaneo sgomento, affermavo che «un'Italia destinata a morire per effetto di una disfatta militare non sarebbe stata, se mai, degna di vivere. Non sarebbe stata già un popolo fatto per vivere a libero Stato, sì veramente, come amano dipingerci i nostri nemici, quasi un'accozzaglia di uomini senza disciplina di sorta (senza disciplina politica, perché senza disciplina morale e religiosa) e senza capacità di serio lavoro scientifico (che è metodo, ed organizzazione), quantunque non privi di ingegno artistico e di sporadica genialità». E aggiungevo: «Orbene, se l'Italia non fosse stata altro che questo; se il suo Risorgimento nel secolo XIX non fosse stato più che l'opera di fortunate circostanze sfruttate dall'accorgimento individuale di pochi uomini, senza radici nella storia e nell’animo popolare, e però senza sostanza; se lo Stato quindi non si fosse dovuto considerare altrimenti di una baracca fabbricata e tenuta su alla men peggio per dar modo ad alcune centinaia di avvocati di riunirsi in Roma a far chiacchiere o gli interessi di questo o quel gruppo, di questa o quella classe; oh per Dio! non questa era l'Italia immortale che imparammo ad amare ardentemente nelle pagine dei nostri grandi».

    L'Italia non soggiacque a Caporetto; e il Piave e Vittorio Veneto ebbero il loro sbocco nella Marcia su Roma; e quella baracca fu scrollata e spazzata via. E i veri liberali che sentivano la nausea di quella baracca, furono contenti. I liberali dell'Aventino e della posteriore «religione della libertà» diventavano sempre più malinconici nell'accorata nostalgia del fugato ed evanescente fantasma della libertà parlamentare. Con questa infatti essi scambiavano la sola libertà che esista, la eterna libertà, che è dello spirito nella sua vita interiore, alla quale le contingenti strutture della organizzazione vengono apprestando le varie forme di esistenza a volta a volta giustificate da particolari ragioni storiche, tutte inadeguate e talvolta anche contrarie all'essenza della stessa libertà: le quali, ad ogni modo, fatte il loro tempo periscono. 

    E spesso non riescono nemmeno ad attecchire perché create artificialmente ad imitazioni di Stati con diversi costumi, diversa educazione, diversa storia. Comunque, tali forme non sono eterne categorie dello spirito, ma semplici strumenti che servono finché servono e poi si logorano e si buttan via.

    Altro è la libertà, altro il liberalismo: quella, ripeto, è eterna; questo non si può irrigidire in una forma storica senza vuotarsi del suo spirito originario e isterilirsi in un meccanismo funesto; dal quale i sinceri amatori della libertà non possono non desiderare che la Nazione venga liberata. E chi si indugia a piangere sulle rovine di Cartagine, e non ha occhi per vedere la grandezza di Roma, è uno spirito romantico che alla lunga riesce ridicolo. Il parlamentarismo è morto in Italia e bisogna che anche i non fascisti, anche i comunisti anelanti in segreto non si sa quale libertà utopistica, ne sappiano grado a Mussolini. 

    Noi che non siamo di ieri, abbiamo viva nella memoria la cronaca della corruttela parlamentare che venne inchiodando il nostro paese dal '76 in poi alla croce di un sistema dissolvitore di ogni schietto spirito politico, voglio dire del concetto e sentimento dello Stato e del suo valore, e quindi di ogni energica volontà di elevazione e di grandezza. E chi è giovane, se vuol sapere quale vita morale, quale carattere allignasse nella morta gora del politicantismo elettoralistico di un tempo, legga il Viaggio elettorale di De Sanctis, che è pittura artisticamente ancor viva, e documento fedele del costume imperante nella vita pubblica italiana di un tempo.

    Ma quel liberalismo non è morto soltanto in Italia. Gli Stati che si dicono democratici per avversione ai nuovi Stati totalitari dimostratisi via via sempre più incomodi e pericolosi, hanno trovato il modo di rintuzzare ogni velleità liberalesca individualistica con la forza stritolatrice dei raggruppamenti economici. La libertà in cotesti Paesi è a terra, e non può aver salvezza, come sempre più apertamente si riconosce in linea teorica e nella prassi politica, se non nell'assetto corporativo; ossia nell'idea che il Fascismo, primo, proclamò in Italia come l'ordinamento più congruo alle insopprimibili tendenze dell'individualismo, quando questo non sia concepito in funzione di atomi sociali affatto inesistenti, ma come l'individualismo degl'individui reali, che, pur essendo sempre individui, sono dalla loro attività economica, come forze produttrici, specificati, raggruppati, stretti in sistema organico, la cui unità, fatta consapevole del comune interesse, è lo Stato. E questo Stato nella sua forma corporativa non è il gran gerente degli interessi materiali della complessa azienda economica di tutti i cittadini, ma la personalità centrale creatrice del diritto di tutti i gruppi e di tutti gli individui, e, come ogni personalità, dotata di un valore etico assoluto e autonomo: sistema della libertà.

    Tutti i popoli, si può dire, si orientano ormai verso questo ideale dello Stato corporativo, che è in cammino. Processo di formazione difficile, che oggi è appena a1 suo inizio.

    Ma sentono tutti che esso è l’ avvenire. Si modificherà, si snellirà facendosi sempre più aderente alla realtà sociale ed economica; ma tornare indietro non è possibile. E forse l'Europa ritroverà se stessa , la sua forza e la sua missione direttiva nel mondo, quando si sarà resa conto di questo profondo principio di vita che è nel regime corporativo.

    Comunque, se questa rivoluzione fascista che è l'Italia di Vittorio Veneto aspirante con la coscienza del suo diritto a riscattare la sua vittoria dalla prepotenza usurpatrice di Versaglia, è la liquidazione del regime parlamentare e l'avviamento al corporativismo, io non so vedere nel Fascismo altro che il potenziamento di questa nostra Italia: dell'Italia di Dante e Machiavelli, di Cuoco e di Mazzini, della tradizione nazionale e realistica, dell'Italia destinata ad adempiere una sua missione nel mondo: quell'Italia, che gli Italiani del nostro secolo ebbero prezioso retaggio dai loro padri dell'Ottocento, come lampada da alimentare col meglio di se stessi: lavorando, studiando, facendosi onore dentro e fuori i confini della Patria, conciliandosi l'universale rispetto con la serietà del carattere e del costume, con la risolutezza e tenacia dei propositi, con la disciplina delle armi, con l'ardimento necessario nelle competizioni mondiali, con l'austerità della vita che ben si può accompagnare con la genialità dello spirito luminoso della razza. 

    Questa Italia ha certamente trovato nella voce di Mussolini una potente espressione del suo carattere immortale; ma questa Italia è pur quella che è in cima ai pensieri di ogni Italiano, anche di quelli che erano già troppo avanti negli anni per sentire in quella voce un grido sgorgante dal loro stesso petto, anche di quelli che eran fanciulli quando quella voce tuonò è non potevano ancora sentirne l'accento profondo. Di ogni Italiano, che voglia essere Italiano.

    Consentitemi questa riflessione. Italiani non si è per diritto di nascita. Ognuno è quello che merita di essere, ed ha quello che merita di avere. Quello che si può presumere di possedere dalla nascita, bisogna conquistarselo col proprio merito, col proprio lavoro, con i propri sforzi. Perciò Italiani sono veramente quelli che vogliono essere Italiani.

    E procurano di saper bene, prima di tutto, che cos'è questa Italia: Roma, e Roma non soffocata dai barbari, ma educatrice di tutti i barbari, di qua e di là dalle Alpi per ogni terra che sarà, dopo la Grecia e Roma, l'Europa; e poi, la Chiesa cattolica, elaboratrice e propagatrice mirabile dell'Evangelo, la più radicale riforma e la più feconda e vitale mai stata fatta della vita spirituale dell'uomo. E poi il Rinascimento, l'esplosione più potente che la storia ricordi del genio umano, ossia della sua potenza creatrice (nell'arte, nella scienza, nella politica, nella economia); onde si varcarono le mal vietate colonne d'Ercole e l'uomo si impadronì di tutta la terra e instaurò quel regnum hominis che è il mondo moderno, tutto compenetrato, avvivato e illuminato dal pensiero dell'uomo. E poi il Risorgimento, che fu la rivelazione di tutte le virtù latenti di questo popolo antico e sempre giovane, sopravvissuto alla divisione e alla servitù politica per forza del suo intelletto, per la profondità dei suo sentire, per l'irriducibile coscienza della sua unità, per l'incontenibile slancio del suo spirito, ansioso sempre di venire a vita di Stato, e di essere ancora e sempre Italia: la nostra Italia sognata dai poeti e preconizzata nei suoi termini e nella sua etica attualità dal primo e maggiore di essi, l'Italia meditata da' suoi pensatori, attestata e consacrata col sangue dei suoi martiri e poi da ultimo risorta come per miracolo, per opera di uomini di tutto il mondo ammirati per la costanza della loro purissima fede, per l'energia della loro azione ardimentosa, per l’accorgimento e la sapienza della loro politica. Non c'è, in verità, nazione al mondo la cui origine e formazione possa vantare tanta gloria di martirio e di sacrifizio, e di valore guerriero e di patriottismo, e tanta ricchezza di umanità e di vita morale: motivo di orgoglio per i suoi, motivo di ammirazione per gli stranieri. Quanti libri di ricerca animata di amore incondizionato come culto, in Inghilterra e in America, per Mazzini e Garibaldi!

    Italia grande e immortale, questa per cui ci tocca di vivere e di morire. Una Italia a cui gli stranieri si inchineranno sempre e si inchinano nel segreto del pensiero anche quando l'interesse li tragga a schierarsi contro di lei. Ma è I'Italia che deve esistere nel mondo come una realtà viva e presente e non come un semplice ricordo: deve, come i monumenti più pregiati degli antichi, perpetuarsi nell'amore e nella culla dei viventi, a cui spetta di conservarli.

    Oggi, Italiani, siamo al punto. Oggi come non mai, da che siamo risorti a Stato e abbiamo detto: «Ci siamo», gli occhi dello straniero sono sopra di noi. Non basta che il nostro esercito, la nostra marina, la nostra aviazione abbiano fatto prodigi di valore; il nemico, che ha assaporato l'amarissimo gusto delle disfatte, si è rovesciato con tutto il peso immane delle sue macchine brute sopra questa più debole parte del fronte avversario tenuto da noi; ha fatto scempio delle nostre città; ha incrudelito contro i domestici focolari, sopra le nostre donne, i nostri vecchi, le nostre tenere creature: ha sperato, presume di fiaccarci e piegarci col terrore e l'orrore di un flagello, che assume proporzioni d'uno di quei flagelli che si scatenano dalla natura e innanzi ai quali l'uomo fugge esterrefatto, quando non sia sterminato. Oh la insana furia devastatrice che ha imperversato sulla bella Palermo, perla del Mediterraneo, cuore generoso dell'eroica Sicilia. La notizia dell'ultima spettacolosa e infame incursione sopra di essa mi giungeva con le bozze di un bellissimo libro, che ora si ristampa: Palermo cento e più anni fa di Giuseppe Pitrè, del siciliano più amante della Sicilia che ci sia mai stato, del più siciliano dei siciliani, scrittore di grande dottrina e di grande passione, autore di una ciquantína di volumi, in cui vive eterna la vecchia Sicilia, che portò alla patria comune l'ardore de' suoi entusiasmi, la tempra ferrea del suo carattere, la fierezza della sua anima indomita, l'acutezza dei suo ingegno, e una grande fede nell'Italia madre. Se Giuseppe Pitrè avesse vista la sua città natale, la città dove visse tutta la vita, la città da lui investigata in tutte le sue strade, le sue chiese, i suoi palazzi, nella vita pubblica e nella privata, nei suoi signori e nel suo popolo, e amata come la casa dove siamo nati e dove risorgono ad ora ad ora tutti i ricordi domestici intessuti nel fondo della nostra anima; se l'avesse vista devastata dai novissimi barbari, e le case abbattute e le strade desolate dalle macerie e dalla morte, oh, come ne sarebbe schiantato! Ma il suo schianto è il nostro schianto: per Palermo, per Genova, per Napoli, per Messina, per Cagliari, per Trapani, per le città più duramente colpite. La risposta a questi eroi dello sport in cui non splende una luce di onore militare, l'han data le nostre popolazioni bombardate, mitragliate, tormentate fisicamente e moralmente di giorno e di notte per mesi e mesi tra i disagi e le miserie inenarrabili di ogni genere, conseguenti a ogni incursione, tra il terrore della morte e le tribolazioni degli sfollamenti, nella fame e nella sete, maledicenti sempre al nemico spietato, anelanti sempre alla salvezza della Patria. 

    Non un grido di protesta contro i presunti responsabili della guerra; non un tentativo di farla comunque finita; non un segno di stanchezza e prostrazione degli animi. 

    Spettacolo ammirevole e altamente commovente che incute rispetto agli stranieri, che fa riflettere i nemici e deve far riflettere noi stessi. I nemici rifletteranno forse che non è questa la via della vittoria perché non è questa la via dell'onore. Noi, da parte nostra, dobbiamo riflettere che di questo popolo che meraviglia il mondo con la sua eroica capacità di resistenza, noi Italiani dobbiamo essere degni per l'animo impavido che non trema si fractus illabatur orbis; degni per la coscienza del dovere che c'incombe di assistere con cordiale solidarietà tutti questi nostri fratelli che più soffrono per la Patria comune; di sorreggerli con l'esempio e con la parola; con l'esempio di abnegazione e devozione alla causa per cui si combatte e per cui si può chiedere il sacrifizio anche delle cose più care: con l'esempio della fierezza con cui devono essere sfidati i pericoli e sopportati i più dolorosi disagi se questi sono inevitabili per la vittoria; con la parola animatrice, sdegnosa fino allo scrupolo d'ogni confessione delle nostre debolezze, dei nostri difetti, di tutte le difficoltà, tanto maggiori quanto più sentite e sciorinate agli altri e a noi stessi: la parola che sia sempre seminatrice di fede e non insinuatrice di pessimismo. Tutti gli Italiani che riflettono, che pensano, che in questa lunga vigilia della vittoria, quando non abbiano più urgenti cure di lavoro e di pratici problemi profittano del celeste dono dell'intelligenza, che è sempre critica e tende sempre alla satira o all'invettiva, per farne materia di analisi, di considerazioni più o meno oggettive, come si dicono, e ad ogni modo irresponsabili, sopra l'andamento della guerra, sopra le sue origini, sopra le sue difficoltà, sopra gli errori commessi, sopra l'esito finale, non sono gl'Italiani degni del popolo che soffre e non diserta. Gli Italiani che domandano ogni giorno i conti, che vogliono vedere freddamente come vanno le cose, che hanno da dire qualche cosa su tutto quello che si fa, che si mettono insomma al di sopra degli avvenimenti, poiché esercitare l'intelligenza è sempre un mettersi al di sopra delle cose e trarsi fuori dell'azione, per fare la parte di spettatore che giudica senza compromettersi; questi falsi Italiani devono aprire bene gli occhi e por mente che non è punto vero che essi non si compromettono e non agiscono. Essi compiono una loro azione, un'azione vile di devastazione delle energie morali del popolo che soffre e combatte, essi assumono una tremenda responsabilità: la responsabilità del tradimento. Nessun Italiano ha oggi il diritto di dire: - Questa non è la mia guerra; io non l'ho voluta -. Non c'è nessuno in Italia che prenda parte alla vita della nazione in modo più o meno attivo, che non abbia voluto la guerra in cui la Patria è impegnata. 

    L'avrà voluta indirettamente se non per diretta decisione. Poiché una guerra come questa, in cui sono impegnate, in un modo o nell'altro, tutte le forze del mondo, una guerra che gli storici non potranno spiegare senza risalire a secoli di eventi che l'hanno preparata, maturando lentamente attraverso tutto lo svolgimento dell'imperialismo anglo-sassone, la concentrazione e il potenziamento della grande industria, la risurrezione e l'organizzazione dell'Asia, il travaglio sociale del lavoro e pensiero europeo nella rivendicazione delle classi lavoratrici e delle utopie che ne son derivate; una guerra di queste proporzioni che è sotto i nostri occhi una delle maggiori crisi della storia del mondo, non è concepibile come risoluzione arbitraria di uno o più individui. Tutte le previsioni umane sono state via via superate; perché chi operava ed opera non è l'umano accorgimento, che negli individui pare arbitrio derivante da personali programmi contingenti. Opera un agente molto superiore, che è pure umano ma fa pensare a Dio; o se questo nome che qui non si nomina invano, vi pare troppo alto, dite pure la Provvidenza o anche la logica, o la necessità della storia. Fata trahunt; e ogni recriminazione nel pericolo è viltà. E' pavida ansia di mettersi in disparte, mentre l'incendio infuria ed è dovere di tutti adoperarsi a spegnerlo.

    Da questa viltà non è facile guardarsi. Ma tanto maggiore perciò il dovere di non cadervi per leggerezza, irriflessione, perfido gusto di chiacchierare e far pompa del proprio acume. Massimo dovere questo per gli Italiani che hanno per lunghi secoli scontato questo difetto della loro più alta virtù, voglio dire l'intelligenza. Della quale abusarono in passato, dal Rinascimento in qua, staccandola dalla vita per darle agio di spaziare liberamente nella letteratura e nell'accademia; e dopo i martiri del '99, del '21 e del '31 ci volle l'apostolato assiduo, ardente di spirito religioso di Giuseppe Mazzini; ci volle anzitutto la rivoluzione spirituale operata, con quella mano poderosa che pareva non aver nervi, da Alessandro Manzoni, per riportare l'intelligenza alla serietà religiosa della vita: dove non c'è parola, non c'è sentimento che non pesi in eterno col suo valore, e non c'è perciò attimo della vita di cui l'uomo non debba render conto anche nel segreto della sua coscienza. 

    Né recriminare, né far profezie almanaccando sull'avvenire che resta sempre sulle ginocchia di Giove anche per quei pochi che conoscono della politica tutto ciò che ai molti sarà sempre impossibile conoscere. Vinceremo? Non vinceremo? Entrambe le previsioni sono deleterie se fatte come di eventi oggettivamente necessari, i quali accadranno, quale sia la nostra personale condotta. 

    Diventando infatti sorgente di quel facile ottimismo e di quel non meno facile pessimismo che non costano nulla oltre un piccolo gioco di parole e di calcoli più o meno probabili, ma sono ugualmente funeste come tentazioni rallentatrici e disgregatrici della volontà. Io sono stato sempre ottimista. Ma l'ottimismo sano e legittimo non riguarda gli avvenimenti che sono nelle mani di Dio, ma s'irradia dall'intimo della nostra coscienza e della nostra persona: è l'ottimismo di chi crede, e con la sua fede crea il bene a cui si aspira; o, che è lo stesso, concorre a crearlo.

    Vincere l'Inghilterra, l'esecrata tiranna di ieri, la tiranna certamente spietata di domani, si, la dobbiamo vincere; e la vinceremo, se la vorremo vincere a qualunque costo; se non ci stancheremo di combattere, se resteremo fedeli ai nostri impegni verso gli altri e verso noi stessi, se in ogni ora del giorno, in ogni istante ci ricorderemo di questo nostro dovere. Ma questa vittoria è una vittoria secondaria e subordinata; la principale è un'altra vittoria, condizione della prima, e sola veramente essa è quella che dobbiamo ottenere giorno per giorno costantemente, sopra noi stessi, vincendo tutte le tentazioni allettatrici della viltà, reagendo con cuore indomabile ad ogni avversa fortuna, tenendo sempre alta la bandiera: la bandiera della Patria, che è la bandiera della nostra coscienza, della nostra morale esistenza. E’ la vittoria che dipende da noi, e che nessuno ci potrà strappare dalle mani se noi la terremo in pugno con tutto il vigore dell’anima, come la nostra dignità alla quale nessuno vorrà mai sopravvivere.

    Ogni popolo ha Innanzi una vittoria che è il suo dovere, e una vittoria che è il suo diritto. Il quale non suole mancare a chi compie il proprio dovere. E quando fallisse, quando tutto fosse perduto tranne l'onore, o prima o poi, la storia ce l'insegna, la giustizia si compirebbe perchè un popolo che serbi intatta la coscienza della propria dignità, e la purezza della propria razza, che non smarrisce la nozione di quello che è, e dev'essere, potrà vedersi a un tratto oscurare il firmamento sopra di sé; ma a breve le stelle torneranno a brillare nel cielo; ed egli nella sua coscienza tranquilla saprà ritrovare la sua via. Ed i nemici continueranno ad inchinarsi alla nazione che anche attraverso la sventura abbia dimostrato la sua natura immortale. L'importante dunque è aver fede nella vittoria: nella essenziale vittoria che dipende dalla nostra stessa fede ed è infatti nella nostra volontà. Essa sola può farci meritevole dell'altra. La cui previsione è molto difficile per le ovvie ragioni che tutti sanno; ma anche per una considerazione che per solito sfugge, e che deriva dalla stessa difficoltà di determinare il significato reale della parola «Vittoria». 

    La quale è bensì la conclusione della guerra guerreggiata; ma può essere una conclusione militare, per cui una delle due parti contendenti è costretta a deporre le armi; ma può intendersi anche come una conclusione politica, la quale è complessa e risulta da una convergenza transitoria di interessi che provochi magari una Carta atlantica sottoscritta con la piena coscienza che gli eventi, andando al di là del preveduto, potranno buttare quella carta in fondo allo stesso Atlantico. Meglio dunque attenersi a Dante, che colloca in Malebolge indovini e astrologhi condannati in eterno a portare il viso stravolto sulle spalle, come Tiresia e come Anfiarao che ha fatto petto delle spalle perché volle veder troppo davanti; di retro guarda e fa retroso calle. Secondo Dante, questo strologare sul futuro è un portare passione al giudizio divino. L'uomo, che abbia senso di vita morale, deve anche lui chinare la fronte e riconoscere il massimo Fattore, e tacere, ma tenendo virilmente il proprio posto, disposto a vivere, disposto a morire. 

    Senza questa religiosa disposizione dell'animo, l'uomo si sbanda, e diventa pagliuzza in balia del vento; ma non è più uomo, come può soltanto avendo un carattere, un volere, un dover, un punto che è il suo centro, la sorgente della sua vita e di ogni suo pensiero. E vorremmo noi negar la fiducia a Dio se noi avremo fatto tutto il nostro dovere? Potremo noi sospettare che i valori dello spirito che noi realizziamo, vadano perduti? Potremo noi temere che questa Italia immortale, che splende agli occhi di tutti nel mondo, se è viva negli animi nostri, perisca sotto i colpi di ebbri piloti di fortezze volanti? Potranno cadere anche le mura e gli archi, che sono rimasti per millenni a testimoniare la maestà di Roma e la barbarie dei suoi nemici; potranno, in questa lotta del nuovo continente restio e sordo all'azione incivilitrice dell'Europa e cioè di Roma, i nuovi barbari compiere l'azione devastatrice degli antichi: ma ci può essere uomo al mondo, di qua o di là dall'Oceano, che pensi di far tramontare la gloria di questo Campidoglio fulgente? Che pensi che il Sole possa qualcosa urbe Roma videre maius? E dico Roma antica e moderna; e dico il Comune italiano e il Rinascimento; e dico il Risorgimento. Le città nostre potranno essere distrutte; ma saranno riedificate perché il popolo stesso che le ha fatte nascere le farà rinascere; potranno anche esser mutilate o annientate le chiese e i monumenti, che facevano ricercare da ogni uomo colto la nostra terra di civiltà sempre viva nel genio che le produsse; ma gli stessi avanzi parleranno e la memoria non potrà perire; e basterà mantener viva la coscienza della grandezza italiana e del bestiale vandalismo di chi a un tratto volle dimenticare che i monumenti di codesta grandezza erano patrimonio spirituale di tutti gli uomini del mondo; anche di quelli che, l’Italia proprio l'Italia, con Colombo trasse dagli oscuri e ignorati ipogei della storia, e accomunò alla vita dell'Europa elevandoli alla luce della nostra civiltà nella solidale collaborazione di tutte le nazioni disciplinate da un'altra religione umana, dalla ricerca scientifica spiritualizzatrice della materialità della natura che essa sottomette a mano a mano alla signoria dell'uomo, e della riflessione filosofica che fa l'uomo padrone di sé medesimo. Né gli Americani si può dire che non lo sapessero, se, come ognuno ricorda, non contenti di venire da noi ad ammirare e studiare, hanno tanto fatto e pagato per racimolare le briciole del grande banchetto italiano di storia ed arte, e arricchirne i loro musei e le loro biblioteche. Italiani, siate voi fedeli alla madre antica; disciplinati, concordi, memori della responsabilità -che viene a voi dall’onore di essere Italiani; risoluti di resistere, di combattere, di non smobilitare gli animi finché il nemico vi minacci, e dubiti della vostra fede e dei vostro carattere. Le dispute e le dissensioni a dopo. A Calatafimi Garibaldi gridò a Nino Bixio: Qui si fa l'Italia o si muore. Quel grido non è spento e la grande voce dell'Eroe risuona, deve risuonare oggi nel nostro cuore: Qui si salva l'Italia o si muore. Noi che siamo sulla china degli anni, e siamo vissuti dell'eredità dei padri, sentendo sempre l’obbligo nostro di conservarla, questa eredità, e per quanto era da noi di accrescerla col nostro lavoro e con ogni sforzo di buona volontà, non sappiamo pensare che essa non abbia a potersi consegnare nelle mani dei giovani, capaci di sollevarla in alto col vigore delle loro braccia al di sopra delle passeggere discordie, dei piccoli risentimenti settari, delle ansie e de' rischi dell'ora presente, al di sopra di tutte le umane debolezze, per tramandarla ai nepoti, sempre viva, splendida della sua eterna giovinezza.

    Con questa fede nella Patria immortale, noi mandiamo il nostro saluto di riconoscenza e di amore agli eroici soldati di terra, di mare e del cielo; e continuiamo a guardare alla Sacra Maestà del Re, silenzioso e sicuro nella semplicità austera del gesto e della parola; a guardare negli occhi del Duce, che conosce le tempeste e ci ha dato prove del coraggio che le fa vincere, della indomita passione con cui si deve guardare al destino.

    Viva l'Italia!


Giovanni Gentile Roma. 24 Giugno 1943. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Evola e Gentile (parte 3 de 3)

GIOVANNI GENTILE


Pensador, filósofo, historiador da Filosofia, pedagogo e doutrinador do Estado Ético e da Nação Orgânica, notável vulto do pensamento idealista e principal renovador da Cultura Italiana nos primeiros decênios do século XX, Giovanni Gentile é, sem dúvida alguma, um dos mais profundos, fecundos, sólidos, vigorosos e coerentes Homens de Pensamento e de Ação já nascidos na Itália, na Europa e no Mundo. Último grande filósofo do Risorgimento naquilo que este movimento teve de nobre e de autêntico, foi ele um lídimo representante, nos campos da Cultura e da Política, da nova, heróica e gloriosa Itália de Vittorio Veneto, que tinha plena consciência de que esta Nova Itália somente seria grande caso nela se instaurasse uma Nova Ordem de Disciplina, Autoridade, Hierarquia, Fé e Colaboração Social. E, tendo plena consciência, ademais, de que apenas o Fascismo, continuando as tradições da Eterna Roma da Águia e do Litório, bem como aquelas do Risorgimento, seria capaz de instaurar tal ordem, Gentile aderiu ao Movimento do Fascio, logo se tornando o filósofo do Fascismo.
   Como reconhece Michele Federico Sciacca, “grego da Sicília, cristão em Antonio Rosmini, pensador e filósofo”[1], Giovanni Gentile é “o maior filósofo italiano do nosso século [século XX], o pensador em redor do qual, desde os primeiros anos do século XX até 1930 mais ou menos, gravitou quase toda a filosofia italiana”[2]. Como frisa o pensador espiritualista cristão (católico) siciliano, o pensamento gentiliano, “fundamentalmente otimista, expressão de uma robusta têmpera metafísica e empenhado em defender a essencial racionalidade de filosofar, não concede quase nada à crise profunda do mundo contemporâneo e tem a mais firme confiança nos poderes do homem e no progresso humano”. É Gentile, quiçá, ainda nas palavras do autor de Filosofia e Metafísica (Filosofia e Metafisica), “o último significativo pensador do século XIX historicista e romântico, no sentido do romantismo ‘apolínio’, confiante e entusiasta”. E é, ademais, um “homem rico de generosa humanidade, mestre eficacíssimo”, que “entendeu o filosofar como processo ético e educativo, a filosofia como vida perene do pensamento”[3].
Renato Cirel Czerna, pensador que representa, na História do pensamento no Brasil, praticamente sozinho, o Idealismo filosófico, e que chegou a ministrar aulas nas universidades de Roma e Nápoles e a colaborar em diversas revistas filosóficas e jusfilosóficas europeias  e que, como recorda Ubiratan de Macedo, teve, certa vez, uma polêmica com Sciacca por conta do Idealismo[4], assim resumiu a importância da filosofia de Gentile, em longo ensaio escrito por ocasião do centenário do nascimento do filósofo (1975) e publicado no ano seguinte na Revista Brasileira de Filosofia:

A filosofia ‘atualista’ de Giovanni Gentile, sem dúvida um dos mais vigorosos, rigorosos e coerentes pensadores italianos e – por que não dizê-lo? – europeus da primeira metade do século XX, tem sido considerada, sobretudo no âmbito da cultura italiana, como a última e mais coerente etapa daquilo que alguns historiadores das ideias denominam o “processo do subjetivismo ocidental”, que se tornou, por sua vez, alvo de “processo ao subjetivismo ocidental[5].

Segundo a concepção attualista é o pensamento que define a realidade. Mas, de acordo com Gentile, o pensamento não é considerado como objeto, isto é, “pensamento pensado”, “ato realizado”, mas sim como “pensamento em ato”. O “pensamento transcendental”, segundo o filósofo, é colhido “na realidade de nosso pensamento, quando o pensamento se considere não como ato realizado, mas sim, por assim dizer, como ato em ato[6].
As origens do Attualismo são assim delineadas por Gentile:

A filosofia atualística historicamente se reconecta à filosofia alemã de Kant a Hegel, diretamente e por meio dos sequazes, expositores e críticos que os pensadores alemães daquele período tiveram na Itália durante o século passado [em especial Bertrando Spaventa]” e se reconecta, ainda, “à filosofia italiana da Renascença (Telesio, Bruno, Campanella), ao grande filósofo napolitano Giambattista Vico e aos renovadores do pensamento especulativo italiano da idade do ‘Risorgimento nacional’: Galluppi, Rosmini, Gioberti[7].

Tradicionalista, Gentile preleciona que a Tradição de um povo é a sua paternidade, de sorte que os povos que rejeitarem a Tradição estarão condenados à bastardia e ao primitivismo de uma existência rudimentar, sem memórias e sem arte[8]. A Tradição, ainda segundo o filósofo, nos faz perceber que “nossa vida não começou no dia de nosso nascimento nem terminará no dia de nossa morte”, de sorte que a Tradição “não é um problema elegante de nossa historiografia, é o dever da nossa vida”[9].
No Brasil, o pensamento gentiliano é, na hora presente, quase totalmente desconhecido, situação que, aliás, esperamos logo reverter, por meio, sobretudo, da criação do Centro de Estudos Italianos Giovanni Gentile, que terá por objetivo não somente a divulgação do sólido e vigoroso pensamento gentiliano, como também daquele de todos os mais significativos pensadores italianos e da Tradição, Cultura, História e Ciência italianas. Dentre os pensadores de nosso País que sofreram influência de Gentile, podemos destacar, além, é claro, do supracitado Czerna, que foi, sem dúvida alguma, o mais influenciado pelo pensador siciliano, Romano Galleffi, filósofo e crítico de arte italiano radicado na Bahia, que fora aluno de Gentile em Roma, e, principalmente na década de 1930, Plínio Salgado e Miguel Reale. Estes últimos, respectivamente, Chefe Nacional e Secretário Nacional de Doutrina da Ação Integralista Brasileira, desenvolveram, porém, uma concepção de Estado Ético bastante distinta daquela de Gentile, posto que compreende o Estado não  como um fim, mas sim como mero instrumento a serviço do Homem, dos Grupos Sociais Naturais, que precederam o Estado, e do Bem Comum, e não entendido como encarnação da Ética, mas tão somente transcendido e inspirado por ela. Do mesmo modo, o Integralismo, ao contrário de Gentile, entende que é a Nação quem cria o Estado e segue a Filosofia Realista de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino e a Doutrina do Direito Natural Tradicional, ou Clássico, sustentando que:

O homem, na tríplice esfera de suas legítimas aspirações materiais, intelectuais e morais, tem (...) direitos naturais, que lhe são congênitos, decorrentes, não do Estado, mas de sua própria essência, e que limitam o poder do Estado. Tais direitos, como, por exemplo, os que concernem à vida, à liberdade, à família, ao trabalho, à propriedade dentro dos limites impostos pelo Bem Comum, são condições inerentes à natureza humana, atributos inatos e impostergáveis, que não podem, sem violência, ser negados pela legislação positiva”[10].

Já para Gentile é o Estado quem cria a Nação e é o Estado, ademais, quem “dá ao povo, consciente da própria unidade moral, uma vontade e, portanto, uma existência efetiva”[11]. Para o filósofo, o Estado é, ainda, um ente “espiritual” e ético em si e por si, sendo consciência e vontade em ato, na qual desemboca e atua plenamente a consciência e a vontade do indivíduo na sua essência moral e religiosa”[12]. Ademais, desconhecendo, infelizmente, o Direito Natural Tradicional, racional, concreto e autêntico, assentado na tradição formada pelos filósofos gregos, pelos jurisconsultos romanos e pelos teólogos e canonistas da Cristandade, mas conhecendo bem a sua degenerescência, isto é, o Direito Natural racionalista, abstrato, inautêntico e individualista do Iluminismo, Gentile condenou o Direito Natural, a que viu como essencialmente individualístico[13].
Havendo evocado o nome de Plínio Salgado, julgamos oportuno ressaltar que, em 1930, por ocasião de sua visita a Roma, encontrou-se ele não somente com Benito Mussolini, mas também com o Senador Giovanni Gentile, e este, que coordenava os trabalhos da Enciclopédia Italiana, pediu a Plínio que completasse o verbete dedicado ao Brasil, até então bastante incompleto e desatualizado, o que fez ele em uma madrugada, com o auxílio de Mário Graciotti, Manoel Gomes e Joaquim Carlos Egydio de Souza Aranha[14].
Feitas tais considerações, passemos a tratar da vida do magno filósofo do Attualismo e do Fascismo.
Oitavo de dez filhos, Giovanni Gentile nasceu a 29 de maio de 1875 na cidade de Castelvetrano, na Província de Trapani, na região ocidental da ilha da Sicília, que fora anexada ao Reino da Itália menos de quinze anos antes, graças à ação de Giuseppe Garibaldi e de seus camisas-vermelhas, conhecidos como “os mil”. De acordo com o uso, então freqüente na Sicília, de manter o prenome através das gerações, foi ele batizado como Giovanni, que era também o nome do pai, farmacêutico no vizinho paese de Campobello di Mazara, onde nascera. Já sua mãe, Teresa Curti, era natural de Castelvetrano e filha de um tabelião.
Havendo realizado os primeiros estudos em Campobello di Mazara e na cidade natal, o jovem Gentile deixou a Sicília em 1893, indo estudar na célebre e tradicional Escola de Estudos Superiores de Pisa, na Toscana, onde foi aluno de Donato Jaja, graças a quem se aproximou do pensamento do filósofo napolitano Bertrando Spaventa, e também de Alessandro D’Ancona e de Amedeo Crivellucci. Foi em Pisa, ademais, que publicou os primeiros artigos, na revista cultural Helios, de que foi um dos mais assíduos colaboradores entre 1895 e 1897.
Laureado em 1897, com tese de láurea sobre Rosmini e Gioberti e tese de habilitação ao ensino secundário sobre o materialismo histórico e dialético, Gentile se mudou para Florença, onde frequentaria curso de especialização no Instituto de Estudos Superiores. A tese de aperfeiçoamento, orientada pelo Professor Felice Tocco, sobre os filósofos da Itália Meridional, de Genevosi a Galluppi, foi aprovada com louvor máximo em junho de 1898.
Pouco mais tarde, Gentile seguiu para Campobasso, na região de Molise, onde passou a lecionar Filosofia no Liceu Mario Pagano. No ano de 1900, seguiu ele para Nápoles, onde lecionou no Liceu Vittorio Emanuele. No ano seguinte, casou-se com Erminia Nudi, que conhecera em Campobasso e que lhe daria seis filhos: Teresa (1902), Federico (1904), os gêmeos Gaetano e Giovanni júnior (1906), Benedetto (1908) e Fortunato (1910).
Em dezembro de 1902, Gentile obteve a livre-docência em Filosofia Teorética na Real Universidade de Nápoles. Em fevereiro de 1903, inaugurou ele o curso com uma prolusão intitulada Renascimento do idealismo (Rinascita dell’idealismo). Como observa Katia Colombo, nascia então o Idealismo Absoluto gentiliano[15].
 Ainda em 1903, mais precisamente em junho, Gentile obteve a livre-docência em Pedagogia na Universidade de Pisa. Meses antes, a 20 de janeiro, para sermos mais precisos, aparecera o primeiro número de La Critica, revista em que o então jovem filósofo colaboraria ativamente até 1913. Dirigida por seu amigo Benedetto Croce, La Critica existiria até 1944, se constituindo em uma das mais importantes revistas culturais europeias. Gentile ali conduziu, ao lado de Croce, nos primeiros anos do século XX, uma verdadeira guerra cultural em defesa do idealismo e contra o positivismo até então dominante na Itália. Com efeito, a destemida luta travada por Gentile, dentro e fora de La Critica, contra a ideologia positivista – análoga àquelas que, por exemplo, travaram Bergson, na França, e Farias Brito, no Brasil, - faz dele, mais do que Croce, o grande responsável pela renovação da Cultura Italiana e pela derrocada do positivismo na Itália e, por conseguinte, o principal preparador dos espíritos, naquele país, para uma visão integral da realidade e dos problemas, rompendo com as cadeias nefandas dos mitos cientificistas e naturalistas do século XIX.
Em 1906, Gentile retornou à Sicília como Professor de História da Filosofia na Universidade de Palermo, onde mais tarde fundaria a Sociedade para os estudos filosóficos (Società per gli studi filosofici) e promoveria as publicações do Anuário da Biblioteca Filosófica (Annuario della Biblioteca Filosofica).
Em 1913, Gentile publicou A reforma da dialética hegeliana (La riforma della dialetica hegeliana) e o primeiro volume do Sumário de Pedagogia como ciência filosófica (Sommario di Pedagogia come scienza filosofica) e em 1914 veio a lume o segundo volume desta obra. Em 1916 seriam publicadas a Teoria geral do espírito como ato puro (Teoria generale dello spirito come atto puro) e Os fundamentos da Filosofia do Direito (I fondamenti della filosofia del diritto); em 1920, os Discursos de religião (Discorsi di religione) e A reforma da educação (La riforma dell'educazione);  em 1917 e 1923, respectivamente, o primeiro e o segundo volume do Sistema de Lógica como teoria do conhecimento (Sistema di logica come teoria del conoscere); em 1931, a Filosofia da Arte (Filosofia dell’Arte); em 1936, a Introdução à Filosofia (Introduzione alla Filosofia) e, em 1946, o livro póstumo Gênese e estrutura da sociedade (Genesi e strutura della società). São estas as obras fundamentais do magno fiilósofo do Attualismo, todas elas marcadas pela profundidade e pela coerência.
Em 1914, Gentile se mudou para Pisa, sucedendo ao Professor Donato Jaja na cátedra de Filosofia Teorética na Universidade.
Profundamente nacionalista, Gentile defendeu entusiasticamente a entrada do Reino da Itália na guerra contra os chamados Impérios Centrais, acreditando, com igual entusiasmo, no triunfo final, que se daria em 1918, após as grandes vitórias nas batalhas de Piave (também conhecida como Batalha do Solstício), em junho daquele ano, e de Vittorio Veneto, entre os dias 24 de outubro e 03 de novembro do referido ano. Esta última selou não apenas o colapso do exército austro-húngaro e o final do conflito no fronte italiano, mas o próprio fim do Império Austro-Húngaro e, como sustentava o filósofo, a conclusão do Risorgimento Italiano.
Em 1917, Gentile se tornou Professor de História da Filosofia na Universidade de Roma. Três anos mais tarde, fundou, naquela cidade, o Jornal Crítico da Filosofia Italiana (Giornale Critico della Filosofia Italiana), revista de altos estudos filosóficos ainda hoje existente e que, graças a Gentile, obteve, desde a fundação, considerável reconhecimento por parte dos intelectuais da Itália e do Mundo e em que colaboraram, ao tempo em que era dirigida pelo filósofo, alguns dos mais notáveis pensadores italianos da época.
Em 1922, quando Benito Mussolini subiu ao poder, Gentile foi nomeado Ministro da Instrução Pública, iniciando profunda reforma conhecida como Reforma Gentile. Como afirmou o grande Homem de pensamento e de ação, na circular que enviou às autoridades e aos chefes de Instituto a 02 de novembro daquele ano, assumiu ele o Ministério da Instrução Pública sustentando sua “antiga fé nos destinos da nossa civilização e na alma da nossa escola”, conclamando todos os professores italianos a labutarem com novas forças pelo porvir da pátria[16].
A Reforma da Escola Italiana, magistralmente promovida por Gentile, partia do pressuposto de que era necessária uma Nova Escola para a Nova Itália, para a “Itália de Vittorio Veneto”, que “é uma glória cujo loureiro verdecerá perene somente se os italianos não olvidarem o seu exemplo de devoção à pátria, às suas leis, aos seus destinos; se estarão prontos a todo momento a dar tudo a ela, até mesmo a vida, sem pedir recompensas, sem fazer as contas, sem jamais crer de haver já realizado todo o seu dever: dispostos sempre (...) a aceitar livremente uma lei férrea de disciplina nacional”[17]. No mesmo sentido daquilo que afirmamos, sublinha Gentile, em entrevista dada a 29 de março de 1923 ao jornal L’Idea Nazionale, que o conceito fundamental no qual se inspira a reforma escolástica a que promovo é conhecido: criar uma escola digna de um grande povo que mereceu sair vitoriosamente de uma guerra tão grande”[18].
A Reforma da Educação de Gentile deu ênfase às matérias humanísticas e à Filosofia e criou, dentre outras coisas, um instituto para a formação dos novos professores italianos.
Ainda que não fosse “um católico, no sentido rígido, literal e formal da palavra”[19], Gentile promoveu a instauração do ensino religioso na Itália, posto que reputava necessário que as crianças italianas, que se iam formando numa nação predominantemente católica, deveriam aprender, pois, a Religião Católica. E, ademais, não hesitava ele em sustentar que, “dentre as várias religiões, o catolicismo é aquela que mais e melhor que qualquer outra prepara o espírito para uma sólida concepção religiosa da vida”[20].
Isto posto, cumpre assinalar que, anos mais tarde, em conferência intitulada A minha religião (La mia religione) e realizada em Florença a 09 de fevereiro de 1943, o filósofo se declara “cristão” e “católico”, ainda que a seu modo. Como nota, contudo, Michele Federico Sciacca, as posições filosóficas de Gentile, que não haviam mudado, eram inconciliáveis com o Cristianismo, na medida em que o pensador considerava a Religião tão somente “um momento, sempre superado e sempre renascente, do processo dialético do Espírito” e identificava o espírito humano ao espírito divino[21]. Como reconhece, porém, o autor de A Igreja e a civilização moderna (La Chiesa e la civiltà moderna), a declaração de Gentile no sentido de ser “cristão” e “católico” representa, inegavelmente, “um passo avante, se não outro, a boa vontade (direi mesmo a profunda necessidade) de sentir-se crente”. E Giovanni Gentile – prossegue Sciacca – foi, com efeito, “um espírito ‘sentimentalmente’ religioso e muito respeitador da religião católica”[22]. Com efeito, por exemplo, no Discurso aos Italianos (Discorso agli Italiani), de que cuidaremos mais tarde, Gentile nos fala da “Igreja Católica, elaboradora e propagadora admirável do Evangelho, a mais radical reforma e a mais fecunda e vital jamais feita da vida espiritual do homem”[23].
Nomeado Senador do Reino da Itália a 06 de novembro de 1922, Gentile, que recebera, em 1917, o título de Cavaleiro da Ordem da Coroa da Itália, e, em 1920, o título de Comendador da Ordem da Coroa da Itália, se tornou, em dezembro daquele ano, Grande Oficial da referida Ordem, de que receberia no ano seguinte, o Grande Cordão. Em 1918 recebera ele o título de Cavaleiro da Ordem de São Maurício e São Lázaro, de que receberia diversos outros títulos nos anos seguintes, incluindo o Grande Cordão, com o qual seria agraciado em 1937.
No dia 31 de março de 1923, Gentile escreveu a Benito Mussolini, Duce do Movimento do Fascio e de toda a Itália e Presidente do Conselho de Ministros, proclamando sua adesão ao Partido Nacional Fascista. Segue o mais relevante trecho da referida carta:

Liberal por profunda e sólida convicção, nestes meses em que tenho a honra de colaborar com a Sua alta obra de Governo e de, destarte, assistir assim de perto ao desenvolvimento dos princípios que informam a Sua política, tive eu que me convencer que o liberalismo como eu o entendo e como o entendiam os homens da gloriosa Direita que guiou a Itália do ‘Risorgimento’, o liberalismo na lei e, portanto, no Estado forte e no Estado concebido como uma realidade ética, não é hoje representado pelos liberais, que são mais ou menos contra Você, mas, precisamente, com Você.
E, assim, me convenci que entre os liberais de hoje e os fascistas que conhecem o pensamento do Seu Fascismo, um liberal autêntico que desdenhe os equívocos e ame estar em seu posto, deve se enfileirar ao lado de Você[24].

Isto posto, faz-se mister sublinhar que o “liberalismo” de Gentile, como, aliás, podemos ver pelas suas próprias palavras, nada tem que ver com o que normalmente se entende como liberalismo e que, em nossa opinião, é realmente o liberalismo. O “liberalismo” de Gentile seria o sistema que afirmaria a liberdade concreta do Homem, nada tendo, pois, que ver com o liberalismo baseado na liberdade abstrata e ilimitada do indivíduo.
A 18 de fevereiro de 1925, o Senador Giovanni Gentile, que renunciara ao cargo de Ministro da Instrução Pública no ano anterior, por conta do caso Matteotti, fundou, juntamente com o também Senador Giovanni Treccani e um grupo de influentes personalidades da Cultura, das Ciências, da Política e das Armas da Itália, o Instituto da Enciclopédia Italiana (Istituto della Enciclopedia Italiana), de que Gentile seria Diretor Científico até 1938 e Vice-Presidente entre os anos de 1933 e 1938. A primeira edição da referida Enciclopédia, verdadeiro monumento cultural na mais plena acepção do vocábulo, foi publicada, com enorme sucesso, entre os anos de 1929 e 1937, sendo constituída por trinta e cinco volumes de texto e um de índice.
Algum tempo depois, o pensador e filósofo idealista redigiu o célebre Manifesto dos intelectuais fascistas (Manifesto degli intelettuali fascisti), ao qual Benedetto Croce logo responderia com o Manifesto dos intelectuais antifascistas (Manifesto degli intelettuali antifascisti).
Publicado primeiramente no jornal Il Popolo d’Italia, de Milão, a 21 de abril daquele ano, e, mais tarde, em diversos outros jornais italianos, o Manifesto dos intelectuais fascistas buscava indicar os pontos centrais da Doutrina e do Movimento do Fascio, assim como demonstrar o apoio da intelectualidade italiana ao Fascismo e ao Governo de Mussolini. Dentre os diversos representantes da elite intelectual italiana que o assinaram podemos assinalar os nomes de Luigi Pirandello, Filippo-Tommaso Marinetti, Ugo Spirito, Ardengo Soffici, Francesco Ercole, Curzio Malaparte, Luigi Federzoni, Ferdinando Martini, Alfredo Panzini, Giuseppe Ungaretti, Ernesto Murolo, Salvatore Pincherle, Arrigo Solmi, Bruno Barilli, Vittorio Cian, Antonio, Beltramelli, Ugo Ojetti, Margherita Sarfatti, Vittorio Giovanni Rossi, Luigi Barzini senior, Corrado Ricci, Salvatore Di Giacomo, Ildebrando Pizzetti, Pericle Ducati, Gioacchino Volpe e, é claro, o próprio Gentile.
Também no ano de 1925, mais precisamente a 1º de junho, foi criado o Instituto Nacional Fascista de Cultura (Istituto Nazionale Fascista di Cultura), que seria presidido por Gentile desde a fundação até o ano de 1937 e que tinha como objetivo primordial a construção de uma sólida, orgânica e autêntica consciência cultural e política nacional italiana.
Em 1928, Gentile, que, em 1925, lançara a obra O que é o Fascismo (Che cos'è il fascismo), publicou o trabalho intitulado A Filosofia do Fascismo (La filosofia del fascismo), onde sustenta que “Mussolini é um gênio político”, cuja filosofia reside, integralmente, “na doutrina política (pensamento e ação)”. Todavia, prossegue o filósofo, “não há ideia que não expresse ali a vida do espírito e não possua a energia lógica de uma concepção do mundo e do homem no mundo, concepção que in nuce é filosofia própria e autêntica”. É daí que decorre “a sua originalidade e força, a sua potência histórica”. Segundo ele, “quem quiser apreender a filosofia do Fascismo, ou seja, a sua orientação geral e o seu modo de entender a vida, em suma, quem queira compreender a essência da fé fascista, deve olhar para o conceito fascista do Estado”[25].
O Estado fascista, segundo Gentile, nasceu, em primeiro lugar: “da crítica sindicalista soreliana ao parlamento e à democracia socialista; em segundo lugar, da experiência de dissolução a que chegaram a autoridade e a unidade do Estado com as lutas irredutíveis das forças parlamentares e dos partidos seus protagonistas; em terceiro lugar, da experiência da guerra”, guerra que, como observa um pouco adiante,  foi “sentida e vivida pelos jovens” e “como escola e formação do espírito, seria vitoriosa mesmo se tivesse sido perdida e que por ser vitoriosa se tornou ainda mais edificante”, havendo sido, para os italianos, “a revelação da nova Itália e do Estado em que tomou corpo e em que existe”[26].
            Pouco adiante, aduz Gentile que:

A imanência e radical imediação dos valores universais da vida humana à consciência e vontade de cada indivíduo foi a ideia que relampejou na mente genial de Benito Mussolini perante o espetáculo da mais florescente e prometedora juventude a morrer pela pátria, daquela juventude que ele, desdenhando agora a triste companhia dos antigos companheiros de fé, individualistas, de fato pacifistas e neutralistas, com ímpeto e ardor de apóstolo tinha chamado às armas, à guerra, por uma Itália presente, orgulhosa da sua força e da sua missão, a uma competição que decidiria a sorte da Europa e do mundo.
Nos campos de batalha, face ao trágico dilema da morte ou da vida, nas horas lentas de vigília na trincheira, o antigo socialista, a cujos ouvidos chegavam ainda os monótonos e criminosos sussurros da longínqua Câmara, via surgir diante de si, gigantesca, a imagem da pátria, viu-a no fulgor da sua luz gloriosa e compreendeu-a com a inteligência que o amor dá. Viu a pátria viva e real no Estado, unidade consciente da nação, viu que essa unidade não é, por assim dizer, o resultado, o efeito da concordância voluntária e da fusão dos ânimos, das inteligências e das vontades individuais, mas o princípio de toda a vida espiritual que circula nas almas, inteligências e vontades dos indivíduos singulares e que faz deles, não cidadãos da cidade abstrata, mas membros incindíveis de um organismo vivo nas suas determinações históricas, com um território e um passado que é uma tradição e, por isso, o conteúdo da consciência do povo e, logo, uma posição, um ideal, um programa.
O liberalismo desapareceu e, com ele, utopias e fantasias internacionalistas. Apagaram-se nas almas pelo próprio desencadear da guerra, com a qual, naturalmente, toda a nação foi constrangida pelas férreas leis da vida a fundir-se no cadinho de um interesse único, esmagador, de toda a singular veleidade dos indivíduos e das classes sociais resultante da reunião artificial das energias individuais, retirada da conexão viva e vital da economia nacional. As classes sociais foram precipitadas no seio da nação, isto é, na unidade do Estado[27].

            Um pouco adiante, já quase no final do trabalho, Gentile ressalta o caráter ético do Estado fascista: “O Estado fascista é um Estado ético, uma vez que a estrita, completa e concreta vontade humana não pode não ser ética.” Para ele, “o conceito de unidade de nação orgânica, não amorfa e abstrata mas determinada, específica e concreta, é o Estado”[28].

            Como sabemos, a posição de Gentile, que era a posição oficial do Fascismo, inspirado em Hegel, sempre foi no sentido de que o Estado é a encarnação da Ética e criador do Direito e da Moral. É este Estado Ético fundador da Moral e do Direito e, por conseguinte, fonte das normas morais e jurídicas, educador e regulador das consciências, consciência entre a Deus e o Homem, absorvedor da autonomia e do magistério da Igreja, que Michele Federico Sciacca condena em breve porém significativo trabalho sobre O idealismo moderno[29]. Que não se confunda, contudo, tal Estado com o Estado Ético do Integralismo, que, como vimos, é o Estado que age de acordo com a Lei Ética Superior, sendo transcendido pela Ética e movido pelo ideal da Ética, não sendo um fim, como o Estado Ético hegeliano-fascista, mas sim um meio a serviço do Homem, dos Corpos Intermediários e do Bem Comum, subordinado este ao fim transcendente do Homem.
            Isto posto, cumpre destacar que o fato de a maioria dos fascistas haver abandonado a crença no Estado Totalitário de inspiração hegeliana, em grande medida graças, inclusive, ao estudo do pensamento de Julius Evola, ferrenho crítico do Estado Ético fascista, bem como do estudo de outras doutrinas políticas, a exemplo daquelas do Movimento Legionário, da Falange Espanhola e do próprio Integralismo, fez com que se concretizasse a hipótese, levantada por Gustavo Barroso, de que o Fascismo Italiano um dia, abandonando sua concepção de Estado, poderia evoluir para o Integralismo[30].
            Também de 1928 são os ensaios Fascismo e Cultura e A essência do Fascismo (L’essenza del Fascismo). O primeiro foi publicado em Milão pela editora Treves e o segundo apareceu no volume A civilização fascista (La civiltà fascista), de autoria coletiva, publicado em Turim Pela UTET, republicado separadamente, acrescido de uma segunda parte, pela Libreria del Littorio, de Roma, em 1929, e, em seguida, na obra Origens e doutrina do fascismo (Origini e dottrina del fascismo), publicada, também em Roma e em 1929, pelo Instituto Nacional Fascista de Cultura.
            A 28 de outubro de 1929, Benito Mussolini inaugurou, oficialmente, a Real Academia d’Itália (Reale Accademia d’Italia), ou, simplesmente Academia d’Itália (Accademia d’Italia). Tal Academia fora instituída em 1926, por meio de um decreto-lei, mas, para criar “uma Academia digna de Roma, da Itália e do Fascismo”, como declarou o Duce, havia sido necessário todo aquele período de preparação espiritual, bem como a restauração da Villa Farnesina, sede da Academia[31].
            Como observa Guglielmo Marconi:

A Real Academia d’Itália representa, na mente do Chefe de Governo que a promove, repito as suas próprias palavras, um centro vivo da cultura nacional, que alimenta e promove o movimento intelectual, segundo o gênio e as tradições da nossa gente e o difunde eficazmente além dos confins da pátria e sobretudo contribui para formar aquela comunhão das inteligências, com a qual é possível aos italianos afirmar o primado nas artes e nas ciências que foi muitas vezes nosso, o reconduzindo àquela universalidade que é característica da inteligência italiana e que refulge através de Dante, Tomás De Aquino, Galileu e Leonardo da Vinci[32].

            Uma das mais importantes realizações culturais do vintênio fascista, a Academia d’Itália tinha por objetivos, segundo o artigo 2º de seus estatutos, a promoção e a coordenação do movimento intelectual italiano no campo das Ciências, das Letras e das Artes, bem como “conservar puro o caráter nacional segundo o gênio e as tradições da estirpe e de favorecer a expansão e o influxo além dos confins do Estado”[33]. Dentre os grandes vultos que pertenceram à Academia podemos destacar Gabriele D’Annunzio, Luigi Pirandello, Giovanni Papini, Pietro Mascagni, Ottorino Respighi, Filippo-Tommaso Marinetti, Guglielmo Marconi, Giuseppe Ungaretti, Salvatore Di Giacomo, Ettore Romagnoli, Giuseppe Tucci, Enrico Fermi, Pietro Canonica, Francesco Messina, Ardengo Soffici, Antonino Pagliaro, Luigi Federzoni e, graças à absorção da Real Academia Nacional dos Linces (Reale Accademia Nazionale dei Lincei) pela Real Academia d’Itália, em 1939, Giovanni Gentile, Cesare Maria De Vecchi, Giuseppe Bottai e tantos outros ilustres que faziam parte daquela Academia.
Em 1932, Gentile se tornou Diretor da Escola Normal Superior de Pisa e Sócio Nacional da Real Academia Nacional dos Linces. No mesmo ano, inaugurou o Instituto Nacional de Estudos Germânicos (Istituto Nazionale di Studi Germanici), de que seria presidente a partir de 1934. Também em tal ano foi publicado o volume XIV da Enciclopédia Italiana, contendo o verbete Fascismo, de que consta o texto A Doutrina do Fascismo (La Dottrina del Fascismo), assinado por Mussolini, mas cuja parte inicial, intitulada Ideias fundamentais (Idee fondamentali) foi, como salienta Gabriele Turi, escrita por Gentile, a pedido do Duce[34]. Como sublinha A. James Gregor, o fato de Mussolini haver escolhido Gentile para redigir a parte filosófica da Doutrina oficial do Fascismo demonstra o profundo respeito que os fascistas tinham pelo pensamento gentiliano[35].
Infelizmente não podendo proceder, aqui, por razões de tempo e de espaço, a uma mais apurada análise do referido texto, reputamos oportuno, ao menos, transcrever suas linhas finais:

Em suma o fascismo, não é somente promulgador de leis e fundador de institutos, mas é educador e promotor de vida espiritual. Pretende refazer, não as formas de vida humana, mas sim, o homem, o caráter, a fé. E para alcançar este fim, é preciso disciplina e autoridade que penetrem nos espíritos, dominando-os incontrastavelmente. O seu emblema, portanto, é o feixe dos litores, símbolo da unidade, da força e da justiça[36].

No ano de 1933, Gentile inaugurou o Instituto Italiano para o Médio e Extremo Oriente (Istituto Italiano per Il Medio e Estremo Oriente), se tornando presidente de tal Instituto.
A 19 de abril de 1934 foi apresentada, no Instituto Nacional Fascista de Cultura, em Roma, comunicação de Gentile intitulada Economia e Ética (Economia ed etica) e dirigida contra o homo oeconomicus, o economicismo, o liberalismo econômico, que separou a Economia da Ética, e seu filho “revolucionário”, o marxismo. Com efeito, pondera Gentile, em tal comunicação, que as concepções de Marx são rigorosamente materialistas e economicistas, entendendo o falso profeta do credo marxista que “tudo aquilo que é humano é econômico” e que “ninguém tem direito à existência se não é [economicamente] útil”, não atentando, pois, para o fato de que o fator “econômico não é humanidade, mas instrumento do homem”, sendo útil tão somente enquanto serve a este[37]. E conclui a comunicação ressaltando que a política do Fascismo é contrária a Marx porque é contrária ao “liberalismo que ele combatia, mas de cujo espírito se pode dizer que ele foi o mais franco, o mais lógico representante”[38].
Nesse mesmo ano, Gentile se tornou Vice-Presidente da Universidade Bocconi, em Milão, e inaugurou, em Gênova, o Instituto Mazziniano (Istituto Mazziniano). Em 1938, se tornou Presidente do Instituto Nacional de Estudos Manzonianos (Istituto Nazionale di Studi Manzoniani) e, em 1941, Presidente do instituto Domus Galileana, em Pisa.
            A 24 de julho de 1943, quando era já iminente a invasão da Itália pelas forças aliadas, Gentile divulgou o Discurso aos Italianos (Discorso agli Italiani), onde reafirmou suas convicções fascistas, mas ressaltou que falava, antes de tudo, como italiano e se dirigindo a todos os italianos, fascistas ou não. Falou, naquele momento difícil da guerra, sobre a grandeza e eternidade da Itália e de tudo quanto esta representa, incitando todos à união e à luta heróica em defesa da pátria, finalizando nos seguintes termos:

Italianos, sede vós fiéis à antiga mãe; disciplinados, concordes, lembrando-se da responsabilidade – que vem a vós da honra de ser italianos; resolutos a resistir, a combater, a não desmobilizar os ânimos enquanto o inimigo vos ameaçar, e duvidar da vossa fé e do vosso caráter. As disputas e as dissensões para depois. Em Calatafimi, Garibaldi gritou a Nino Bixio: Aqui se faz a Itália ou se morre. Aquele grito não se apagou e a grande voz do Herói ressoa, deve ressoar hoje no nosso coração. Aqui se salva a Itália ou se morre. Nós que estamos na superfície dos anos e tivemos a experiência da hereditariedade dos pais, sentindo sempre a nossa obrigação de conservá-la, esta hereditariedade, e por mais que tivéssemos que acrescê-la com o nosso trabalho e com cada esforço de boa vontade, não sabemos pensar que ela não pode ser consignada nas mãos dos jovens, capazes de erguê-la ao alto com o vigor de seus braços acima das discórdias passageiras, dos pequenos ressentimentos sectários, das ânsias e dos riscos da hora presente, acima de todas as debilidades humanas, para transmiti-la aos descendentes, sempre viva, esplêndida de sua eterna juventude.
Com esta fé na Pátria imortal, nós mandamos a nossa saudação de reconhecimento aos heróicos soldados da terra, do mar e do céu; continuamos a mirar à Sacra Majestade do Rei, silenciosa e segura na simplicidade austera do gesto e da palavra; a mirar nos olhos do Duce, que conhece as tempestades e que deu provas da coragem que o faz vencer, da indômita paixão com a qual se deve mirar o destino.
Viva a Itália![39]

            Monarquista ferrenho, Gentile aderiu, ainda assim, à República Social Italiana, aceitando, após um encontro com Mussolini, o cargo de Presidente da Academia d’Itália a fim de preservar a unidade italiana[40].
            Residindo em Florença, na Villa Montalto, no bairro de Salviatino, desde fins de 1943, Gentile dirigia a Academia d’Itália, que para lá se transferira, bem como a tradicional revista de ciências, letras e artes Nuova Antologia, quando, a 15 de abril de 1944, a uma e meia da tarde, quando retornava de automóvel da sede da Academia para sua villa,  onde almoçaria, foi atingido por disparos de quatro ciclistas que o esperavam nas proximidades da villa e eram liderados por Bruno Fanciulacci, membro do movimento terrorista de inspiração comunista GAP (Gruppi d’Azione Partigiani). Um dos assassinos gritou: “Em você não matamos o homem, mas a ideia”. Levado moribundo ao Hospital de Careggi, foi atendido primeiramente, por coincidência, pelo filho Gaetano, então assistente do Dr. Piero Valdoni. Todos os partidos condenaram o bárbaro assassínio do velho filósofo, exceto o comunista.
            Diversamente do que afirmou seu infame assassino, a ideia de Gentile está viva e continua e continuará inspirando todos os verdadeiros italianos, isto é, todos os italianos conscientes de sua Pátria, de sua Nação, de sua Tradição. Já a ideia dos partigiani, o comunismo, está totalmente morta, a despeito de muitos ainda carregarem seu cadáver putrefato, especialmente em nossa América Hispânica, na África e na Ásia.
            Concordamos com diversos aspectos do pensamento gentiliano. Como ele, imbuídos “do sentimento de justo nacionalismo”, que, na expressão do Papa Pio XI, “a reta ordem da caridade cristã não somente não desaprova, mas com regras próprias santifica e vivifica”[41], nos proclamamos nacionalistas e, do mesmo modo, valorizamos o Trabalho, direito e dever do Homem, reconhecendo neste um ato espiritual e afirmamos a primazia do Social sobre o individual e nos opomos a uma Economia divorciada da Ética e compreendida como fim e não instrumento da Pessoa Humana. Como ele, também somos tradicionalistas, entendendo que a Tradição não é o simples culto dos mortos e dos antepassados, mas de toda uma série de valores perenes, constituindo a base de todo progresso e toda renovação. E, ainda como ele, sustentamos a eticidade do Estado, embora afirmemos – ao contrário do filósofo – que o Estado não é um fim e nem a encarnação da Ética, mas tão somente um instrumento da Pessoa Humana e dos Grupos Naturais, subordinado ao fim transcendente daquela,  e transcendido pela Ética e movido por um ideal ético.
         Diversamente, porém, de Gentile, não somos idealistas, mas sim realistas formados no pensamento de Aristóteles e de Santo Tomás de Aquino. Do mesmo modo, diferentemente do pensador siciliano, defendemos o Direito Natural Tradicional e um modelo de corporativismo em que as corporações se constituem na espinha dorsal da Sociedade e do Estado e não um mero instrumento do Estado Totalitário.
         A despeito, contudo, das divergências que temos em relação ao pensamento de Gentile, não podemos deixar de reconhecer nele um dos mais importantes pensadores e filósofos do século XX e de afirmar que, se a grande, augusta e heróica Itália de Vittorio Veneto e da Marcha sobre Roma um dia renascer, como uma fênix, das cinzas da pequena Itália liberal-burguesa e liberal-democrática da hora presente, o nome e a sólida, fecunda e vigorosa obra de Gentile terão o reconhecimento que merecem, inspirando mesmo, em grande medida, a Nova Ordem.













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[1] Tais palavras constam da placa comemorativa em homenagem a Sciacca, colocada dentro do Liceu Clássico Michele Amari, em Giarre, cidade natal do filósofo.
[2] SCIACCA, Michele Federico. História da Filosofia, vol. III, cit., p. 216.
[3] Idem, loc. cit.
[4] Cf. MACEDO, Ubiratan de. Apresentação. In CZERNA, Renato Cirell. Justiça e História. São Paulo: Convívio/Editora da Universidade de São Paulo, 1987, p. XI.
[5] CZERNA, Renato Cirell. Sobre o neo-hegelianismo atualista e o “processo ao subjetivismo ocidental. In Idem. Justiça e História, cit., p. 292.
[6] GENTILE, Giovanni. Teoria generale dello spirito come atto puro. 3ª Ed. Bari: Laterza, 1920, p. 6.
[7] Idem. Introduzione alla Filosofia.1ª ed. Roma: Treves-Treccani-Tumminelli, 1933-XI, p. 21.
[8] Idem. La tradizione italiana. In Idem. Frammenti di estetica e di teoria della storia, vol. II. Florença: Le Lettere, 1992, pp. 97-98.
[9] Idem, p. 118.
[10] SALGADO, Plínio. Carta de Princípios do Partido de Representação Popular. Edição do Comitê de Propaganda pró Candidatura de Plínio Salgado, 1955, p. 3.
[11] GENTILE, Giovanni. Ideias fundamentais. In MUSSOLINI, Benito. A Doutrina do Fascismo. Trad. para o português. Florença: Vallecchi Editore, 1935-XIII, p. 14.
[12] Idem. A Filosofia do Fascismo. Transcrita da obra Para a Compreensão do Fascismo, organizada por António José de Brito e publicada em 1999, pela editora Nova Arrancada, de Lisboa.  Disponível em: http://forumpatria.com/debate-politico-e-ideologico/a-filosofia-do-fascismo-giovanni-gentile/. Acesso em 20 de novembro de 2010.
[13] Idem. I fondamenti della filosofia del diritto. 3ª ed. rev. e acresc. com dois estudos sobre a filosofia de Marx. Florença: G. C. Sansoni – Editore, 1937-XV, p. 103.
[14] GRACIOTTI, Mário. Europa tranqüila. São Paulo: Editora Cupolo Ltda., 1948, pp. 128-129.
[15] COLOMBO, Katia. La pedagogia filosofica di Giovanni Gentile. 1ª ed., 6ª reimpr. Milão: FrancoAngeli, 2009, p. 55.
[16] GENTILE, Giovanni.Saluto. In Idem. La Riforma della Scuola in Italia. 3ª ed. rev. e acresc. a cura de Hervé A. Cavallera. Florença: Le Lettere, 2003, p. 1.
[17] Idem. Lux Perpetua. In Idem. La Riforma della Scuola in Italia, cit., pp. 2-3.
[18] Idem. Chiarimenti sui concetti della Riforma. In Idem. La Riforma della Scuola in Italia, cit., p. 35.
[19] Idem. L’insegnamento religioso nelle scuole. In Idem. La Riforma della Scuola in Italia, cit., p. 25.
[20] Idem, loc. cit.
[21] SCIACCA, Michele Federico. O idealismo moderno. In VÁRIOS. Heresias do nosso tempo. Trad. portuguesa do  Pe. António Marques. Prefácio de Dom Giovanni Rossi. 2ª ed. Porto: Livraria Tavares Martins, 1960, pp. 60-62
[22] Idem, p. 62.
[23] GENTILE, Giovanni. Discorso agli Italiani. Disponível em:
[24] Idem. Adesione al Partito Fascista. In Idem. La Riforma della Scuola in Italia, cit., pp. 94-95.
[25] Idem. A Filosofia do Fascismo, cit.
[26] Idem.
[27] Idem.
[28] Idem.
[29] SCIACCA, Michele Federico. O idealismo moderno, cit., pp. 49-69.
[30] BARROSO, Gustavo. O Integralismo e o Mundo. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936, p. 18.
[31] MUSSOLINI, Benito. Discurso pronunciado na inauguração da Academia d’Itália. Diponível em: http://it.oocities.com/brigatanera88/1929f.htm. Acesso em 23 de novembro de 2010.
[32] MARCONI, Guglielmo. Scienza e Fascismo. Disponível em: http://ilcovo.mastertopforum.net/scienza-e-fascismo-g-marconi-vt1464.html. Acesso em 23 de novembro de 2010.
[33] Apud MARCONI, Guglielmo. Scienza e Fascismo, cit.
[34] TURI, Gabriele. Giovanni Gentile: Una biografia. Florença: Giunti Editore, 1995, p. 426.
[35] GREGOR, A. James. Phoenix: Fascism in our time, cit., p. 940.
[36] GENTILE, Giovanni. Ideias fundamentais. In MUSSOLINI, Benito. A Doutrina do Fascismo, cit., p. 16.
[37] Idem. Economia ed etica. In Idem. Memorie italiane e problemi della filosofia della vita. Florença: G. C. Sansoni – Editore, 1936-XIV, pp. 285 e 287.
[38] Idem, p. 293.
[39] Idem. Discorso agli Italiani, cit.
[40] Cf. Gregor, A. James. Giovanni Gentile: Philosopher of Fascism. 1ª ed., 4ª reimpr. New Brunswick: Transaction Publishers, 2009, pp. 89-90.
[41] PIO XI. Encíclica Caritate Christi Compulsi. Disponível: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19320503_caritate-christi-compulsi_it.html. Acesso em 25 de novembro de 2010.